domingo, 30 de maio de 2010

Interessante leitura

DESIDERATA

Vá calmamente, entre o barulho e a pressa, e lembre-se da paz que somente existe no silêncio.
Na medida do possível, e sem se atraiçoar, tenha boas relações com todas as pessoas.

Diga a sua verdade quieta e claramente. Ouça os outros, mesmo os obtusos e ignorantes. Eles também tem uma estória a contar.

Evite as pessoas ruidosas e agressivas. Elas são tormentos para o espírito.

Se você se comparar aos outros você se tornará ora vaidoso, ora amargo, pois há sempre pessoas que lhe são inferiores ou superiores.

Goze tanto as suas realizações quanto os seus sonhos. Mantenha-se interessado naquilo que você faz, por humilde que seja. Aquilo que você faz é algo que você realmente possui, num tempo em que tudo muda sem parar.

Pratique a prudência nos seus assuntos comerciais, pois o mundo está cheio de trapaças. Mas não deixe que isto o faça cego para as virtudes que existem. Muitas pessoas se esforçam por ideais altos. Por toda parte a vida está cheia de heroísmo.

Seja você mesmo. Não finja afeição. E nem seja cínico acerca do amor. A despeito da aridez e do desencanto, ele renasce tão teimosamente quanto a tiririca.

Aceite com elegância o conselho dos anos, deixando graciosamente para trás os prazeres da juventude. Crie força de espírito para proteger-se na desgraça repentina. Não se aflija, porém, com coisas imaginadas. Muitos temores nascem do cansaço e da solidão.

Tenha uma disciplina saudável, mas seja gentil para consigo mesmo. Você é um filho do universo, tanto quanto as árvores e as estrelas. Você tem o direito de estar aqui. E, quer você saiba disto ou não, o fato é que o universo caminha como deve. Por isto, esteja em paz com Deus, não importa como você pensa que ele é.

A despeito da barulhenta confusão da vida, mantenha-se em paz com a sua alma.

Com todos os seus enganos, labutas e sonhos não realizados, este continua a ser um belo mundo. Cuide-se. Esforce-se por ser feliz...

(Correio Popular, Caderno C, 20/05/2001.)
Fonte: http://www.rubemalves.com.br/

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Informação

O Ministério da Educação (MEC) instituiu na última segunda-feira, 24, o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente, o qual se constitui de uma avaliação de conhecimentos, competências e habilidades para subsidiar a contratação de docentes para a educação básica no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

O exame será realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) já em 2011 e tem por objetivo subsidiar a realização de concursos públicos para a contratação de docentes para lecionar no ensino infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. As Secretarias de Educação interessadas em utilizar os resultados do Exame deverão formalizar adesão junto ao Inep e definir a forma de utilização dos resultados.

A participação no exame é de caráter voluntário, mediante inscrição e conferirá ao candidato um boletim de resultados, cujos dados somente poderão ser utilizados mediante a autorização expressa do candidato.

O MEC está com uma consulta pública aberta à sociedade, a qual pretende definir os referenciais para a elaboração da matriz desse Exame. São aceitas contribuições pessoais ou institucionais e é possível opinar sobre todo o Exame ou apenas sobre algum dos temas propostos. As sugestões podem ser dadas por meio deste endereço eletrônico.

*Com informações da Assessoria de Imprensa do Inep/MEC
Por Gabriele Alves
Equipe Brasil Escola

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O desinteresse dos alunos na sala de aula

Existem certos problemas no ambiente escolar que são praticamente impossíveis de não ocorrer, sendo a desmotivação do aluno um dos mais preocupantes, fato rotineiro que ocorre com profissionais de todas as áreas da educação e em diferentes níveis de ensino.

Considerado como um problema de difícil resolução é fundamental que o professor compreenda o que vem a ser a motivação e como ela se constrói.

Geralmente a falta de motivação é originada das características próprias do aluno e do ambiente escolar como um todo, fazendo com que o aluno passe a ter medo do próprio fracasso escolar e de como lidar com ele.

Ressalta-se que os pais, os colegas e o grupo social no qual este jovem se relaciona, também contribuem para a sua desmotivação.

Determinados alunos apresentam grande dificuldade em interagir com certas atividades, outros apresentam resistência total no sentido de adquirir conhecimentos, se isolando dos demais colegas, negando a participar das atividades propostas, bem como não apresentando interesse qualquer em realizar algo que se refere à aprendizagem.

O professor deve ficar atento ao comportamento de seus alunos, visto que podem partir desde aqueles jovens mais agitados, tanto aos jovens desligados e inquietos.

No sentido de ajudar o aluno desmotivado, o professor deve se preocupar com o ambiente escolar, em especial a sala de aula, o desenvolvimento das atividades, a organização e principalmente a relação professor/aluno e o processo avaliativo.

Com o objetivo de contribuir com os professores que muitas vezes no exercício da profissão apresentam o verdadeiro interesse em ajudar o aluno desmotivado, segue abaixo algumas sugestões baseadas em estudiosos da área com o objetivo de auxiliar o educador na prática, motivando seu aluno, independente da disciplina ou série em que se encontra:

• Aplique o conteúdo com entusiasmo, evitando aulas “mecânicas”;

• Faça com que o aluno compreenda o que está sendo ensinado, ao invés de apenas memorizar;

• Busque sempre relacionar os conteúdos com fatos da atualidade;

• Elabore atividades que possa detectar a evolução do aluno;

• Estabeleça um ritmo de aula de forma que todos possam acompanhar o raciocínio que exige o conteúdo;

• Quando o aluno apresentar dificuldades, apresente a ele pistas proporcionando oportunidades para superar as dificuldades, fazendo com que o aluno exerça seu próprio raciocínio;

• Ao iniciar a aula estabeleça metas e objetivos dessa, porém, baseados no ritmo da turma, combinando regras para que não seja desviado o objetivo da aula;

• No momento da avaliação, o ideal é que o professor evite comparações, ameaças, ou seja, condutas negativas que possam vir a refletir maleficamente na auto-estima dos alunos.

O professor sendo mediador do conhecimento é responsável por realizar essa função da melhor maneira possível, buscando sempre se manter atualizado, podendo formar cidadãos cada vez mais capacitados.
Por Elen Campos Caiado
Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia
Equipe Brasil Escola
Leitura

É comum vermos cantinhos de leitura nas escolas, com a intenção de proporcionar aos alunos o hábito da leitura, bem como oferecer livros de qualidade. Estes são montados com uma prateleira de livros, um tapete e alguns almofadões dispostos, criando um clima de tranquilidade.
Porém esse espaço não deve apenas ficar delegado ao gosto do aluno, mas também à intencionalidade do professor, à proposta pedagógica da escola, que são pontes entre o estudante e o conhecimento.

A simples montagem desses cantinhos não garante o interesse dos alunos pela leitura, nem a formação de leitores assíduos.

É interessante que o professor repense a prática dessa atividade, percebendo os aspectos mais importantes para se criar o gosto pelo ato de ler. Deve pensar e refletir sobre que tipo de leitor se pretende formar, se os livros ali dispostos são do interesse dos alunos, como será a avaliação daquele momento, etc.

Cantos de Leitura devem promover autonomia

Além disso, o professor pode pensar em juntar um material, diferentes portadores textuais, com a participação de todo o grupo, onde cada aluno se torna responsável pela manutenção e sustento dos materiais. Estes poderão doar jornais e revistas usadas, um artigo que leu e achou interessante, encartes de supermercados que poderão ser utilizados nas aulas de matemática, todo tipo de propaganda, panfletos, álbuns de figurinhas, gibis, dentre outros.

O professor deve também abrir espaço para que os alunos escolham os livros a serem lidos num determinado mês, fazendo uma visita à biblioteca da escola, onde cada um irá escolher dois exemplares para serem colocados na prateleira da sala de aula, e lidos posteriormente.

Um mural com sugestões de leitura, feitas pelos próprios alunos, também é uma boa forma de incentivo, pois os próprios colegas fazem as indicações, além de terem que escrever as sinopses dos livros.

Dessa forma, o envolvimento dos alunos com a leitura é muito maior, mais prazeroso, pois tem a autonomia de escolher temas do seu interesse ou do gosto de seus amigos.

Muitas vezes a escola bloqueia a capacidade crítica do aluno, por querer impor regras demais, e isso não funciona com a leitura. Pelo contrário do que se pensa, a autonomia abre espaço para a liberdade de escolha, mas de forma responsável, pois o aluno pode ser questionado e avaliado pela sua intenção.

Outra forma de proporcionar maior interesse aos livros é permitindo que os estudantes ouçam histórias narradas pelo próprio professor ou em CDs. Através das mesmas pode-se levar os alunos a manterem um bom nível de potencial imaginativo, além de desenvolver a criatividade dos mesmos.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

sábado, 15 de maio de 2010

TIPOS DE ERROS ORTOGRÁFICOS

Em analise e estudo realizados devemos considerar os tipos de alterações ortográficas que foram mais comumente encontradas na escrita das crianças em geral.

1)
ERROS DE CORRESPONDÊNCIA MÚLTIPLAS:
A escrita apresenta características básicas com relação entre sons e letras, algumas são consideradas como biunívocas ou seja cada letra tem seu som. Porém tem outros tipos de grafar na qual evidenciamos letras com diferentes sons.
Como o caso do s ( ou melhor; s, ss, c, ç), e o caso do c (ou melhor; s tanto como k), por isso foi atribuído o nome de “correspondência múltiplas”.

2)
ERROS COM APOIO NA ORALIDADE:
A escrita ou melhor a relação entre sons e letras, decorrente da fala, uma vez que encontramos escrita como são faladas.
Porém podemos ter pronuncia de forma que não correspondem a escrita, por exemplo podemos ter uma fala: “...minha mãe tá compranu leitchi prá nóis tomá...”.Mas para ser escrito deve se transcrever:
..”.Minha mãe está comprando leite para nós tomarmos”.
O padrão fonético não corresponde ao ortográfico. Outro exemplo: travesseiro – traveceiro, falou – falo.
Melhor ainda é observar a freqüência que a criança usa a linguagem oral, a pista pneumofonoarticulatória, na determinação de formular a escrita.

3)
ERRO NAS OMISSÕES DE LETRAS:
A escrita de modo incompleto, em função da omissão de uma ou mais letras, foram consideradas dentro deste tipo de alteração ortográficas, por exemplo; bombeiro grafado como bombero ou seja, omissão da letra i.

Grafar uma palavra implica em usar toda sua estrutura ortográfica relacionada a lingüística e assim observaremos a incidências deste comportamento mais a frente.

4)
ERRO DA JUNÇÃO OU SEPARAÇÃO NAS PALAVRAS.
Ao usarmos a linguagem oral ou melhor a fala e a voz que pode suceder sem um limite claro de separação entre elas.
Em geral não pronunciamos as palavras uma a uma, isoladamente, mas sim em seu ritmo. A escrita impõe critérios exatos de segmentação ou de separação de uma palavra das outras mediante padrões de oralidade podendo ocorrer problemas quanto à segmentação em palavras unidas entre si ou fracionadas em um menor número de sílabas, como por exemplo:
Às vezes – asvezes, naquele – na quele, se perder – siperder
As palavras ligadas indevidamente ou separadas de forma não convencional ocorrem com frequência significativa que podem ocorrem de acordo com entonação do falante.

5)
ERROS DE CONFUSÃO ENTRE AS TERMINAÇÕES
AM E ÃO:
É uma tendência de substituição de letras finais am e ão que podem ser observada uma influência de padrões na pronúncia mediante a variável da tonicidade determinada pelo falante, como por exemplo: “falaram” ser pronunciada como “falarãu”, do mesmo modo que “cantarão” por “cantarãu”.
Na realidade a diferença não é fonética, mas, sim em relação à posição da sílaba tônica dentro da palavra, falaram é uma palavra paroxítona enquanto falarão é oxítona.

6) ERROS DE GENERALIZAÇÃO DE REGRAS:
Dentro deste tipo de alterações formas de grafar palavras que parecem do modo como as criança generalizam certos procedimentos de escrita, porém aplicam em certos procedimentos de escrita como a julgam apropriadas.
Por exemplo pode perceber que certas palavras sejam pronunciadas com o som de “i”, ou com o som de “u” e podem serem escritas com as letras “e” ou “l” - mininu.

7)
ERROS DE SUBSTITUIÇÕES DOS FONEMAS SURDOS E SONOROS:
Nestas alterações de escrita apresentam em comum o fato de representarem fonemas que se diferenciam pelo traço de sonoridade. Os fonemas /p/, /t/, /k/, /f/, /s/, /ch/ são considerados surdos pelo fato de não apresentarem vibração das pregas vocais enquanto pronunciados. Inversamente os fonemas /b/, /d/, /g/, /v/, /z/, /j/ são considerados sonoros pela manifestação das vibrações das pregas vocais.
O grupo das alterações ortográficas diz respeito as palavras dos fonemas homorgânicos, como por exemplo: “gato” por “cato”.

8) ERROS POR ACRÉSCIMO:
Contrapondo ao caso das omissões, surgiram palavras que apresentavam mais letras do que convencionalmente deveriam, consideradas como alterações decorrentes de aumento ou acréscimo de letras, porém sem indicar letras aleatórias a serem inseridas nas palavras.
Existe uma tendência de duplicar uma das letras que como no caso do /r/ pela complexidade da sílaba pode dificultar a grafia adequada das palavras, devido a letra /r/ ter muita mobilidade.

Este fator pode dificultar a escrita e gerar dúvida quanto a grafia da palavra.
Como exemplo: pobre - probre, camarão - camarrão.
O mesmo processo pode ocorrer para outras letras como: /lh/, /nh/, /s/.

9) ERROS POR CONFUSÃO ENTRE LETRAS PARECIDAS:
Grafar uma letra por outra em razão de as mesmas serem parecidas em termos visuais, pela sua semelhança não se configurou como uma dificuldade significativa dentre as crianças de primeira a quarta série.
Como no caso das letras: /m/, /n/, /nh/, /ch/, /lh/ e /cl.
Como exemplo: pinha - pimha, camelo – camelho, também - também.

10) ERROS POR INVERSÃO DE LETRAS:
Palavras com letras em posição invertida no interior da sílaba, ou mesmo sílabas em posição distinta dentro da palavra, foram consideras como alterações decorrente de inversões de posição. Os erros ortográficos decorrentes de letras corresponderam com uma média muito distante da média características dos principais tipos de alterações que implicam no aspectos da escrita.
Como por exemplo: porão - poroã, Pedro – Predo, pobre – pober.

As mais freqüentes foram as inversões que dizem respeito a sílabas terminadas com a letra /r/. Existe uma tendência de mudar de posição dentro de sua sílaba original, bem como seu deslocamento para outra sílaba, resultando em grafias, como :
magrinha – magirnha, mordomo – modormo.

As crianças que cometem erros deste tipo não são capazes de identificar a presença dos sons que compõem as palavras, ou por outro lado não tem segurança dos sons que a compõem na posição exata que as letras representam a palavra de forma ortográfica, dentro se sua seqüência própria. A mesma explicação parece poder ser aplicada nos casos de alterações que envolvem a inversão de ditongos, como em porão – poroã. No entanto as crianças sejam capazes de identificar os sons das palavras e usarem as letras que as representem, contudo ordem dos sons determinadas a ordem das letras de forma alterada.

11) OUTROS ERROS:
Nesta categoria foram incluídas alterações observadas em uma outra criança em particular, pela sua forma restrita de escrever, isto é erro ou enganos não eram partilhados de uma forma mais freqüente ou geral como as categorias anteriores, como por exemplo ao grafar: sangue – jange, preciso – parcicho.
PAULO C. GOULART
CRFa. 1.107
APROPRIAÇÃO ORTOGRÁFICA

Apropriar-se do sistema ortográfico significa compreender e dominar os aspectos que caracterizam a natureza alfabética da escrita, os diferentes tipos de erros, a frequência com que os mesmo ocorrem e a percentagem de crianças que os produzem são dados sugestivos de que determinadas propriedades do sistema ortográfico podem ser mais difícil e lenta a apropriação do que outras.
Temos observado que quanto mais freqüente um tipo de erro se revela e quanto maior o número de crianças que o produzem também maior deverá ser a dificuldade de compreensão das características ortográficas que levariam a sua não ocorrência.

Assim podemos traçar uma escala de apropriação evolutiva na tentativa de revelar o como as crianças podem estar compreendendo e organizando as propriedades do sistema ortográfico próximo do convencional.
1) As crianças compreendem as letras como escrevem os sons, esta descoberta que corresponde a hipótese alfabética, bem como implica na capacidade de realizar análise fonológica que permitam a busca de correspondências entre letras e sons.

2) O domínio da posição de cada letra no espaço gráfico, ou da ordem de cada letra, são aquisições ou conhecimentos adquiridos cedo, uma vez que, desde a primeira série, observamos uma ocorrência o “espelhamento” e um número pequeno de erros quanto a mudança de posição de letras dentro das palavras.

3) Existe também a necessidade das crianças diferenciarem as formas das letras que podem decorrem confusão em função de possíveis semelhanças entre as letras.

4) Escrever com exatidão, compreendendo os critérios que determinam pausas ou separações correspondem a uma apropriação mais lenta e difícil.

5) Correspondências quantitativas precisa entre fonemas que compõem as palavras e o número de letras que se faz necessário para representá-las, correspondem em apropriação em relação a escrita de sílabas que representam o padrão consoante vogal. Caso desta impossibilidade podem resultar em acréscimo de letras ou omissões.

6) Uma apropriação que revela como sendo das mais lentas e tardias diz respeito às diferenciações entre oralidade e escrita.

7) Uma das mais difíceis apropriações demanda maior tempo e maior esforço para ser compreendida está ligada às representações múltiplas. As crianças precisam aprender que além das correspondências regulares entre uma letra e um som, também é possível encontrar situações para uma letra correspondem vários sons e inversamente. Também se faz necessário saber quando se deve empregar uma letra ou outra dentre as alternativas possíveis da escrita correta. Portanto recorre-se a memória, pistas contextuais, a origem das palavras, à morfologia ou a outros meios para obter a escrita correta.

Estas seqüências reforçam a idéia de um processo de construção de conhecimento da escrita que as crianças elaboram hipótese determinantes dos modos de conceber e produzir a escrita, razão que elas conseguem ir dominando o sistema ortográfico a medida que vão modificando e obtendo as reais características da escrita.

Enfim, as regras da escrita devem ser mostrada de forma clara e sistemática para um caminho mais seguro que todos desejamos encontrar no sentido de facilitar a apropriação do sistema ortográfico pelas crianças. Algumas crianças podem apresentarem dificuldades mais acentuadas para progredirem no sentido de alcançarem um melhor compreensão do sistema ortográfico.

PAULO C. GOULART
CRFa. 1.107
Rua Tavares Macedo, 143
Icaraí – NITERÓI
E. Mail. paulocesarfono@aol.com
Fonte: Blog Alfabetizando

terça-feira, 11 de maio de 2010


ALFABETIZAR LETRANDO

O professor deve fornecer ferramentas para o aluno construir o seu processo de aprendizagem da leitura e escrita.Na etapa inicial, isto é, na Educação Infantil, a escola tem obrigação de ajudar o aluno a ser apropriar da escrita alfabética e informatizar o seu uso. Para realizar essa tarefa, o professor não deve deixar o aluno se esforçar sozinho para entender “por que coisas que se fala parecido tendem a ser escritas de modo parecido “O professor deve ajudar o aluno a refletir sobre palavras retiradas de textos lidos ( além de outras que são significativas para o aluno). É essencial praticar a leitura e a escrita no cotidiano escolar “trabalhar com palavras”, propiciar aos alunos refletir sobre elas, montá-las e desmontá-las. Nessas ocasiões, mesmo ainda sem saber ler convencionalmente, os alunos poderão se apoderar de algumas estratégias de leitura: estratégias de antecipação, de checagem de hipóteses, de comparação, entre outras ( utilizadas por um cidadão letrado. Explorando e também produzindo textos observados pelo professor ou por outro aluno já “alfabetizado”), os alunos estarão desenvolvendo conhecimentos sobre a linguagem que se utiliza nos textos que percorrem a sociedade letrada. Com base nos estudos e pesquisas de hoje em dia, “Alfabetizar letrando” requer: Democratizar a vivência de práticas de uso da leitura e da escrita e ajudar o aluno a, ativamente, reconstruir essa invenção social que é a escrita alfabética. Se a escrita alfabética é uma invenção cultural, seguindo as idéias de Vygotsky, os professores, como membros mais experientes da cultura devem auxiliar os alunos a prestar atenção/analisar/refletir sobre os pedaços sonoros e escritos das palavras. Isso, é claro, não seria, de forma alguma, usar métodos fônicos ou treinar a “produção de fonemas” num mundo sem textos e sem práticas de leitura. A partir de 1983, através de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, o professor começou a repensar a sua prática cotidiana em sala de aula. Nos dias de hoje, sabemos que um indivíduo plenamente alfabetizado é “aquele capaz de atuar com êxito nas mais diversas situações de uso da língua escrita. Dessa forma, não basta apenas ter o domínio do código alfabético, isto é, saber codificar e decodificar um texto: é necessário conhecer a diversidade de textos que percorrem a sociedade, suas funções e as ações necessárias para interpretá-los e produzi-los.” O processo de alfabetização ocorre durante toda a escolaridade e tem início antes mesmo da criança ingressar na escola. Implica em tomar como ponto de partida, o texto, pois este é revestido de função social e não mais as palavras ou sílabas sem sentido. O professor deve buscar um vocabulário que tenha realmente significado para a classe, isto é, que seja retirado das suas experiências. Atualmente, a cartilha não é o recurso mais favorável a aprendizagem da leitura e da escrita, principalmente, porque não tem qualquer significado para o aluno e apresenta textos desconexos, apenas garantindo a “memorização das famílias silábicas.” Para Teberosky, deve ser considerada no processo de alfabetização, a diferenciação entre a escrita e a linguagem. Segundo a referida autora, a escrita deve ser entendida como um sistema de notação, que no caso da língua portuguesa é alfabetização(conhecer as letras, sua organização, sinais de pontuação, letra maiúscula ,ortografia , etc ). A linguagem escrita é definida como as formas de discurso, as condições e situações de uso nas quais a escrita possa ser utilizada(cartas, bilhetes, notícias, relatos científicos, etc.) Inicialmente, o professor precisa tomar por base o texto e não mais as palavras-chaves. O texto deve ser o elemento fundamental para inserir a criança no universo letrado’. Além da escrita espontânea, pode ser considerado também o trabalho com modelos, que possibilitam ‘as crianças comparem suas hipóteses com o convencional. Através de listas de palavras de um mesmo campo da semântica.(brinquedos, jogos prediletos, comidas preferidas, personagens de livros e gibis, nomes dos alunos da classe, frutas, etc) das parlendas e de outros textos, as crianças, hoje, podem ampliar suas concepções e progredir na aquisição da base alfabética, como na compreensão de outros aspectos (a grafia correta das palavras, o uso de sinais gráficos, etc). Simultaneamente, os diversos tipos de texto necessitam aparecer como objeto de análise, propiciando aos alunos diferenciá-los, conhecer melhor suas funções e características particulares. Para que isso ocorra, é essencial que saibam interpretá-los e escrevê-los. A expressão pessoal (bilhetes, cartas, diários, receitas culinárias, etc) deve fazer parte do trabalho do professor, no entanto, esta deve vir acompanhada pela escrita de outros textos, inclusive com o apoio de modelos. Cabe à escola, desde a Educação Infantil, alimentar a reflexão sobre as palavras, observando, por exemplo, que há palavras maiores que outras, que algumas palavras rimam, que determinadas palavras tem “pedaços” iniciais semelhantes, que aqueles “pedaços” semelhantes se escrevem muitas vezes com as mesmas letras, etc. Não se trata de apresentar fonemas para que os alunos memorizem isoladamente os grafemas que correspondem a eles na nossa língua. Como o aprendizado do sistema de escrita alfabética é, acima de tudo, conceitual, o que é preciso é que os alunos possam manipular/montar/desmontar palavras: observando suas propriedades; quantidade e ordem de letras, letras que se repetem, pedaços de palavras que se repetem, e que tem som idêntico. O professor deve estimular o desenvolvimento das habilidades dos alunos de reflexão sobre as relações entre partes faladas e partes escritas, no interior das palavras. O uso das palavras estáveis como os nomes próprios e de certos tipos de letra, como a letra de imprensa ou letra script, tem uma explicação. Quanto às palavras que se tornam “estáveis”, o fato de o aluno ter memorizado sua configuração, possibilita-lhe refletir sobre as relações parte-todo tentando devendar o mistério daquelas relações; por que a palavra inicia com determinada letra e continua com aquelas outras naquela ordem? Por que falamos tantos (pedaços) sílabas e tem mais letras quando escrevemos? Quanto ao uso das letras de imprensa ou script, o fato de terem um traçado mais simplificado, e de cada letra aparecer mais separada das demais, possibilitando ao aluno saber onde começa e termina cada letra, permite ao aluno investir no trabalho cognitivo, fazer uma reflexãonecessária à reconstrução do objeto de conhecimento, isto é, o sistema alfabético. O professor deve garantir que as práticas escolares ajudem o aluno a refletir enquanto aprende e a descobrir os prazeres e ganhos que se pode experimentar quando a aprendizagem do sistema de escrita é vivenciado como um meio para, independentemente, exercer a leitura e a escrita dos cidadãos letrados.
Cássia R. M. de Assis Medel
Atividade de leitura

Mural de poesias•


Pedir aos alunos que pesquisem em casa (com ajuda de um adulto), um poema ou quadrinha de fácil entendimento e tragam para a classe o texto escrito em letra bastão, com o nome do aluno, inclusive.

• Colocar todos os textos na Caixa Mágica e usar a mascote para explicar que irão comemorar o Dia da Poesia lendo diferentes poemas que os alunos pesquisaram.

• Ler os poemas que os alunos trouxeram e treinar com os alunos a declamação dos poemas ou versos. Finalizar a atividade propondo que desenhem o poema ou quadrinha de que mais gostaram.

Organizar os desenhos em um mural.
Gincana de poesias: três dias de agitação!


Nota: Para desenvolver esta atividade o professor deverá preparar previamente alguns envelopes-surpresa com tarefas a serem cumpridas pelas turmas (ver sugestões abaixo), e colocar na sala de leitura alguns livros de poesia para a realização da gincana.

Sugerimos iniciar as atividades em uma segunda-feira, para dar tempo de concluir a gincana na mesma semana.

Selecione as tarefas em níveis de dificuldade, atribua pontos a cada uma e determine o prazo para a entrega, marcando no calendário de classe.

Prepare os prêmios (que podem ser guloseimas ou um livro/revista infantil) e oriente as turmas durante a execução das tarefas, que poderão ser, entre outras:

1- Pesquisar e trazer de casa um poema ou quadrinha que fale sobre animais ou brinquedos, com o texto escrito em letra maiúscula de imprensa (10 pontos).

2- Procurar na biblioteca da escola/sala de leitura/Cantinho de leitura um livro que tenha poesias identificando-o entre outros (20 pontos).

3- Pesquisar em casa o nome de um poeta ou poetisa brasileiros que faça poesia para crianças (20 pontos).

4- Recitar uma poesia na sala de aula, com ênfase e entonação apropriadas (50 pontos).

Nota: o professor poderá atribuir o número de pontos que desejar e substituir as tarefas de acordo com as possibilidades da turma. Nossa sugestão tem a intenção de desenvolver a linguagem oral e a memória auditiva, com a recitação de poesias.

• Colocar os envelopes com os desafios já preparados na Caixa Mágica e usar a mascote para explicar aos alunos que irão comemorar o Dia da Poesia realizando uma gincana.

Reservar um horário para realizar as atividades da gincana. Por exemplo: durante 3 dias, após o recreio.

• Informar que as tarefas da gincana são iguais para todas as turmas, mas uma delas é mais difícil, valendo mais pontos. As tarefas deverão ser feitas na escola e em casa. Orientar os alunos a pedir auxílio a um adulto nas tarefas para casa. A turma que concluir as tarefas com correção, será a vencedora.

• Formar turmas de alunos por livre escolha. Cada turma receberá um envelope-surpresa com as tarefas descritas, em letra de imprensa maiúscula. O professor entrega os envelopes, faz suspense e pede para que os alunos os abram.

• O professor deve ler as tarefas e assegurar-se de que todos entenderam o que devem fazer. Se preferir, pode anotar o nome do aluno/dupla que ficará responsável pelo cumprimento de cada desafio. Os alunos devem entregar suas pesquisas ao professor e aguardar o dia final.

Texto informativo
A comemoração é em homenagem ao grande poeta brasileiro Antonio de Castro Alves (1847 - 1871), um dos principais nomes do Romantismo brasileiro.

Um jeito bom de brincar
Comeu muito? Teve azia?
Levou um pito da tia?
Tirou nota que não queria?
Caiu problema que não sabia?
BRINQUE DE POESIA.
Adora o sorriso de Maria?
Viu na praça quem não queria?
A garota fez que não o via?
Amou as férias na Bahia?
BRINQUE DE POESIA.
A roda-gigante só tremia?
O seu gato só ronca e mia?
Viu um leão loiro na padaria?
Riu de um palhação que não ria?
BRINQUE DE POESIA.
Curte a natureza em harmonia?
Ouve os pássaros em cantoria?
ama a vida com muita alegria?
BRINQUE DE POESIA.
Quer rimar noite e dia?
Descobriu das palavras a melodia?
Gosta de embarcar na fantasia?
Cedo, tarde, noite, todo dia:
BRINQUE DE POESIA.

Fonte: Elias José. Um jeito bom de brincar.
São Paulo, FTD, 2002
FONTE: wata-eh-legal
Encontrado no blog: http://aprenderecia.blogspot.com/search/label/sugest%C3%B5es

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Decisão difícil!
CURSIVA X BASTÃO... E AGORA, PROFESSOR?

Para quem convive em escolas e lida com as séries iniciais, dois assuntos são bastante discutidos e motivo de polêmica entre educadores e pais:
o estilo de letra a ser utilizado pelas crianças e os erros gráficos, sobretudo em produções de texto.
Nos dias atuais, temos a liberdade de criar e enfeitar, o que faz surgir as mais diferentes formas no traçado das letras.
Em relação ao estilo da letra a ser utilizada nas séries iniciais, a comunidade, de certo modo, cobra veladamente uma postura do professor no sentido de utilizar a letra do tipo imprensa no início do processo de alfabetização e, depois, fazer uso da letra cursiva que possui um traçado de letras ligadas tornando mais rápido o registro.
Em relação ao estilo de letra, Cagliari (1999, p. 104) afirma que
[...] é essencial que os alunos aprendam (e pratiquem) primeiro a escrita e ponham-se a escrever como eles acham que deve ser.
Somente depois, já mais familiarizados com o ato de escrever, serão levados a reconsiderar o que fizeram, em função das normas ortográficas.
Um grande marco na história da humanidade foi a invenção da escrita que surgiu e se desenvolveu da necessidade de o Homem armazenar informações - reforçando a memória - e de se comunicar a uma distância além do alcance da voz.
Segundo Cagliari (1999, p.15), “A escrita pelo que se sabe hoje, começou de maneira autônoma e independente, na Suméria, por volta de 3300 a.C. É muito provável que no Egito, por volta de 3000 a.C., e na China, por volta de 1500 a.C., este processo autônomo tenha se repetido”.
Para chegar ao alfabeto atual, a escrita passou por muitas alterações. Utilizada pelo homem primitivo para registrar fatos ocorridos, a escrita pictográfica (desenhos) ainda hoje é encontrada em escavações arqueológicas, demonstrando ser antiga a idéia de escrever.
O fonetismo, por sua vez, é um sistema no qual as palavras passam a ser decompostas em unidades sonoras, aproximando a escrita da sua função que é a de interpretar a língua falada. Utiliza a leitura de figuras que terão sentido de palavras por meio do som, recurso usado nas cartas enigmáticas.
A escrita continuou evoluindo, passando a ser silábica. Nesse sistema, a palavra é decomposta em um conjunto de sons.
Chegamos ao alfabeto - cujo termo tem origem nas duas primeiras letras do alfabeto grego, alfa e beta – que, de fenício passou a grego, ao romano e, finalmente, ao latino, o mais utilizado em todo mundo.O sistema alfabético é caracterizado pelo fonetismo, sistema em que cada símbolo (letra) corresponde a um som.
Esse conjunto de letras que chamamos de alfabeto torna-se o início da nossa estrada rumo ao universo escrito.
O ESTILO DAS LETRAS
Assim como o alfabeto, a escrita também foi se adaptando. Escrever sobre papiro e, mais tarde, sobre pergaminhos exigia um traçado de letras mais arredondado, ou seja, materiais diferentes de escrita exigiam abordagens diferentes.
De acordo com Cagliari (1999), os sumérios substituíram o risco na argila por um processo de pressão que permitia que desenhassem afundando marcas nos tabletes.Cagliari (1999, p.187) explica que “Um simples olhar no mundo da escrita com a qual temos contacto hoje nos mostra tanta variação na forma gráfica que, por um momento, surge a dúvida: como conseguimos ler em meio a este aparente imenso caos?”
A escrita segue regras claras e rigorosas que devem ser transmitidas às crianças durante o processo de alfabetização. Assim sendo, a aparente confusão não causará medo, pois estamos diante de um fato: uma complexidade gráfica. O MUNDO DAS LETRAS
Existem, na nossa língua, várias maneiras de registrar graficamente a mesma letra. O som também vai depender da palavra na qual esta letra estiver colocada. Este caráter gráfico e social é estabelecido pela ortografia.
Existem palavras em português que a letra A representa som de /ã/, como em lama, dama, cama, som de /ai/, como em rapaz, paz, atrás. Assim sendo, é difícil determinar o valor de cada letra dentro do sistema alfabético. Muitas vezes, a letra muda seu som, sem, contudo, mudar sua forma: continua sendo a letra A.Estas variações de sons são trabalhadas ao longo de todo processo de alfabetização,cabendo ao professor apresentar às crianças as letras do alfabeto, bem como suas variações, como nos exemplos acima.
Conforme Cagliari (1999, p.49),[...] primeiramente, apenas o alfabeto de letras de forma maiúsculas. [...] este procedimento não é apenas uma moda: é uma forma mais fácil, concordam todos de se chegar ao aprendizado da leitura. Embora muitos professores possam constatar essa maior ‘facilidade’ na prática do seu dia-a-dia, talvez nem todos saibam realmente as razões por trás desse fenômeno.Para dominar o mundo das letras, a criança passa pelo processo de alfabetização, cabendo ao professor optar por mecanismos que otimizem o processo.
LETRA DE IMPRENSA OU CURSIVA?
Mas, e agora?
O alfabeto foi aprendido, os valores sonoros de cada letra também. As palavras viraram histórias e eis que vem a pergunta:
“Posso escrever com letra pegada?”.
A criança sente necessidade de uma auto-afirmação, e a letra do tipo imprensa parece não mais atender ao seu desejo, pois ela a vê como letra de criança pequena.
Como agir?É com as letras tipo imprensa que as crianças têm um maior contato desde cedo, em jornais e revistas, o que resulta em uma elaboração de hipótese sobre a escrita muito precocemente. O traçado é simples, dando à criança liberdade ao ato de escrever, favorecendo a percepção das unidades e diminuindo o esforço motor.
A letra cursiva é mais rápida de ser traçada, porém exige da criança uma coordenação motora mais definida.De acordo com Cagliari (1999 p.41),A escrita cursiva tinha dois problemas: por ser feito com rapidez, o traçado das letras tendia a se modificar na escrita de cada um – por outro lado, a escrita cursiva produz ligaduras.
Depois de unidas as letras, o aspecto gráfico pode mascarar os limites individuais das letras, gerando confusões entre os usuários.
É mais importante que a criança compreenda e entenda a função e as características da escrita do que se preocupe com o tipo de letra a ser utilizado. “Em primeiro lugar, é preciso ensinar a escrever e, somente depois, deve-se preocupar com os requintes da escrita” (CAGLIARI E CAGLIARI, 1999, p.79).
Entretanto, não é o que geralmente ocorre. Alguns professores, ainda nos dias atuais, insistem em utilizar somente a letra cursiva depois de um determinado período, deixando alguns alunos bastante confusos.
De acordo com Tafner e Fischer (2001, p.19),O mundo está escrito em letras de forma. O mesmo mundo onde a criança vive cresce e aprende. Não espere dela um desenvolvimento pleno em cursivas quando tudo o que ela lê em torno dela é escrito com letras de forma. As letras de forma são naturais para ela, pois fazem parte do seu mundo.
A escrita cursiva tem um uso exclusivamente pessoal e, com o desenvolvimento tecnológico, a escrita a mão quase deixou de ser feita. As letras cursivas viraram arte nas mãos de pessoas que têm o dom de escrevê-las em convites, cartazes, murais etc.No dia-a-dia, a escrita cursiva acabou perdendo um pouco sua importância.
Porém, na escola, ela continua sendo motivo de discussão entre alguns educadores.
Existem professores que acham que se os alunos escreverem com a letra do tipo bastão não aprenderão a escrever com a letra cursiva, como se o alvo a ser atingido na alfabetização fosse o de escrever “redondinho” e igual a todos os outros alunos.
Na visão de Cagliari (1999, p.109),O bonito da verdadeira educação é ser um caleidoscópio: a diferença a todo instante é seu charme e beleza; cada momento revela algo de novo e surpreendente. A educação deve formar pessoas diferentes, não clones, réplicas intelectuais.Ao lidar com crianças, é preciso ter em mente que elas são seres individuais e únicos, bem como que “Na educação se propõe, e não se impõe”(Cagliari,1999. p.111).O importante é compreender o que está escrito. Se for estabelecida uma comunicação entre professor e aluno, a finalidade da escrita estará cumprida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo foi elaborado com o intuito de levar pais e professores à reflexão sobre o tipo de letra usado pelas crianças e sobre seus erros gráficos, assuntos que fazem parte do dia-a-dia escolar.A utilização da letra de imprensa ou cursiva não deve ser o foco principal de discussão em uma escola, e sim a importância da escrita, feita com qualquer tipo de letra, desde que existam comunicação e registro de idéias.Ninguém nasce sabendo, e a aprendizagem é algo bastante subjetiva. Podemos aprender mais facilmente alguns assuntos que outros, o que não significa que sejamos melhores ou piores. Significa apenas que somos indivíduos diferentes, sendo que esta diferença é que faz da educação algo maravilhoso em que a rotina não tem vez.
Vamos, portanto, deixar que as crianças escrevam e que exercitem sua liberdade de registrar idéias como quiserem.
Todo o restante será conseqüência de um trabalho feito com amor. O maior privilégio de um professor é poder caminhar lado a lado com os seus alunos, observando seus progressos, auxiliando nos seus tropeços, sempre pronto para estender a mão.

REFERÊNCIAS
CAGLIARI, Gladis Massini; CAGLIARI, Luiz Carlos. Diante das Letras: a escrita na alfabetização. São Paulo: Fapesp, 1999 (Coleção Leituras do Brasil)CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o Ba –Bé – Bi – Bó – Bu .1. ed. São Paulo: Scipione, 1999.FERREIRO, Emília. Com todas as letras. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2000.FISCHER, Julianne. Sugestões para o desenvolvimento do trabalho Pedagógico. Timbó: Tipotil, 1997.TAFNER, Malcon Anderson; FISCHER, Julianne. Manga com leite mata: reflexões sobre os paradigmas da educação. Indaial: Ed. Asselvi, 2001.

Leila Vilma da Silva Bambino Psicopedagoga
leilabam@terra.com.br

terça-feira, 4 de maio de 2010

"A alfabetização nunca termina"-Entrevista

Doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo, Telma Weisz criou o Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa), lançado em 2001 pelo Ministério da Educação. Hoje coordena um programa semelhante, o Letra e Vida, na Secretaria de Estado da Educação de São Paulo.
Nesta entrevista, ela destaca que a alfabetização é um processo contínuo e fala da responsabilidade da escola para combater o analfabetismo funcional.

O que é ser alfabetizado?
Vejo a aquisição do sistema de escrita - popularmente conhecida como alfabetização e que chamamos de alfabetização inicial - como parte de um processo. Mesmo os adultos nunca dominam todos os tipos de texto e estão sempre se alfabetizando. Ser alfabetizado é mais do que fazer junções de letras, como B com A, BA.

Qual a diferença entre alfabetização e letramento?
No passado, era considerado alfabetizado quem sabia fazer barulho com a boca diante de palavras escritas. Só então estudava-se Língua Portuguesa e gramática. Para quem acredita no letramento, a criança primeiro aprende o sistema da escrita e só depois faz uso social da língua. Assim como antes, isso dissocia a aquisição do sistema das práticas sociais de leitura e escrita. Para evitar essa divisão, passamos a usar o termo cultura escrita.

Qual a importância do professor como leitor-modelo?
A leitura é uma prática e para ensinar você precisa aprender com quem faz.
Porém, este é um nó: como formar leitores se você não lê bem? E como ler bem se você saiu de uma escola que não forma leitores?
A solução é de longo prazo e requer programas de educação continuada que tenham um trabalho sistemático nessa área. Nas reuniões do Profa, eram dados três textos ao formador. Ele escolhia um e lia para os professores, que recebiam os três. Ao fim do ano, eles haviam lido 150 textos de vários gêneros.

Como os pais podem colaborar na alfabetização?
Lendo todos os dias para as crianças. Quem passa a primeira infância ouvindo leituras interessantes se apropria da linguagem escrita. Assim, na hora em que lê e escreve de forma autônoma, já sabe o que e como produzir. Isso também possibilita à criança entender os textos que lê.

Por que saem das escolas tantos analfabetos funcionais?
Porque a escola só reconhece como alfabetização a aquisição do sistema. Em vez de investir na competência leitora, concentra-se no ensino de gramática. Por isso há analfabetos funcionais com muitos anos de escolaridade. Formar leitores e gente capaz de escrever é uma tarefa de coordenadores, gestores e professores de todas as séries e disciplinas. Eu diria que leitura e escrita são o conteúdo central da escola e têm a função de incorporar a criança à cultura do grupo em que ela vive. Isso significa dar ao filho do analfabeto oportunidades iguais às do filho do professor universitário.

Como reverter esse quadro?
Lendo, discutindo, trocando idéias, vendo o que cada um entendeu e pesquisando em fontes diversas. É preciso tornar o texto familiar, conhecer suas características e trazer para a sala práticas de leitura do mundo real. Se a função da escola é dar instrumentos para o indivíduo exercer sua cidadania, é preciso ensinar a ler jornal, literatura, textos científicos, de história, geografia, biologia. Consegue ler bem quem teve algum tipo de oportunidade fora da escola. Os que dependem só dela são os analfabetos funcionais.
E a escola faz isso porque não compreende claramente a sua função.
Fonte: http://reginapironatto.blogspot.com/search/label/Letra%20Cursiva


ISSO TAMBEM PASSA...UM CONTO MUITO ESPECIAL

Num tempo em que se perde na poeira da memória, havia um homem muito rico cujo desejo maior era dar de presente a seu rei - por quem nutria uma admiração profunda por suas qualidades pessoais - algo de que fosse importante, valioso, digno de um rei, e que pudesse representar todo esse seu sentimento de admiração.
Após pensar durante um longo tempo, e sem nada decidir, resolveu o rico súdito correr mundo a procura de pessoas sábias que pudessem ajudá-lo a escolher o real presente,uma vez que no reino onde morava nada havia conseguido.
Andou, procurou, perguntou, conversou com todos os homens e mulheres sábias dos lugares por onde peregrinou , mas sem qualquer sucesso. As sugestões que lhes eram dadas- por mais pomposas ou originais que fossem- não satisfaziam seus anseios,e nem estavam a altura da soberana figura. Uma grande tristeza começou a abatê-lo.
O desânimo e a desesperança tomavam conta de seu coração envelhecido e cansado pela busca inútil. Decidido a desistir e retornar a seu país, um dia foi supreendido pela notícia de que ainda havia um sábio muito velhinho e solitário que se recolhera no alto de uma montanha distante, mas que ainda não havia sido por ele consultado.
Com ânimo recobrado meteu-se o rico homem pelos caminhos mais árduos em busca do tal eremita. "Quem sabe finalmente obtenho a tão procurada resposta" pensava ele enquanto enfrentava toda sorte de desafios para alcançar o cume da indicada montanha.
Depois de muito caminhar e subir chegou finalmente à choupana onde vivia o tal eremita, que para sua surpresa falou-lhe com voz doce e calma :" Há algum tempo esperava por ti.Tenho a solução para a tua dúvida: deves dar a teu rei um anel." Neste momento homem explodiu com grande indignação: "
Depois de correr o mundo , falar com inúmeros sábios e sábias, ouvir as mais incríveis sugestões, percorrer este caminho árduo e íngrime, o senhor me diz que devo dar um anel para o meu rei ? Ele deve ter milhares de anéis, e não me daria ao trabalho de ofertar-lhe ainda mais um ...!"
E continuou a despejar toda a sua ira e decepção.Falava, falava a mais não poder, enquanto o eremita calado olhava-o com calma e doçura...Até que silenciou-se.O velho sábio então voltou-se para ele e disse, com o mesmo tom calmo e compreensivo: " Compreendo seus sentimentos, mas devo lhe dizer que este é um anel muito diferente, ...especial !
No seu interior você deverá mandar gravar a seguinte inscrição "ISTO TAMBÉM PASSA..." O rico homem nada entendeu, e o sábio continuou : Em época de bonança, fartura, paz e grandes alegrias o Rei poderá olhar para seu anel e lembrar-se que nem sempre as coisas se manterão assim, e será cauteloso, predivente. E em épocas de guerras, doenças, grande tristeza e desamparo ele não irá de deixar abater , pois olhará para o seu anel e se lembrará que ISTO TAMBÉM PASSA... O rico homem , sem nada dizer, abraçou o ancião em sinal de agradecimento, e partiu.

Fonte: http://clccphd.blogspot.com/2009/01/isso-tambem-passaum-conto-muito.html

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Profundidade


SOBRE O AMOR, ROSAS E ESPINHOS...

Pe. Fábio de Melo


Amor que é amor dura a vida inteira. Se não durou é porque nunca foi amor.

O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou.

O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto."

O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração que sozinhos jamais poderíamos enxergar.

O poeta soube traduzir bem quando disse: "Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração!"

Bonito isso. Enxergar sonhos que antes eu não saberia ver sozinho. Enxergar só porque o outro me emprestou os olhos , socorreu-me em minha cegueira. Eu possuia e não sabia. O outro me apontou, me deu a chave, me entregou a senha.

Coisas que Jesus fazia o tempo todo. Apontava jardins secretos em aparentes desertos.

Na aridez do coração de Madalena, Jesus encontrou orquídeas preciosas. Fez vê-las e chamou a atenção para a necessidade de cultivá-las.

Fico pensando que evangelizar talvez seja isso: descobrir jardins em lugares que consideramos impróprios.

Os jardineiros sabem disso. Amam as flores e por isso cuidam de cada detalhe, porque sabem que não há amor fora da experiência do cuidado. A cada dia, o jardineiro perdoa as suas roseiras. Sabe identificar que a ausência de flores não significa a morte absoluta, mas o repouso do preparo. Quem não souber viver o silêncio da preparação não terá o que florir depois...

Precisamos aprender isso. Olhar para aquele que nos magoou, e descobrir que as roseiras não dão flores fora do tempo, nem tampouco fora do cultivo.

Se não há flores, talvez seja porque ainda não tenha chegado a hora de florir. Cada roseira tem seu estatuto, suas regras...

Se não há flores, talvez seja porque até então ninguém tenha dado a atenção necessária para o cultivo daquela roseira.

A vida requer cuidado. Os amores também. Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só. Elas não sabem viver sozinhas...

Quem quiser levar a rosa para sua vida, terá que saber que com ela vão inúmeros espinhos.

Mas não se preocupe. A beleza da rosa vale o incômodo dos espinhos... ou não.

Pe. Fábio de Melo