segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Leitura reflexiva para ser utilizada em encontros com professores


Pedagogia do amor
Valéria Poletti

Num tempo em que a aparência vale mais do que a essência e a competição impera nos relacionamentos, é imprescindível falar com nossas crianças sobre companheirismo, amizade, amor. Num tempo em que a esperança parece cada vez mais escassa, é fundamental reavivar nossa confiança em dias melhores. Num tempo em que os valores que devem nortear a vida em sociedade são progressivamente esquecidos, é um estímulo encontrar obras como A Pedagogia do Amor, de Gabriel Chalita, escritor e professor. Em seu livro, Chalita buscou mostrar aos pais e professores a contribuição das histórias universais para a formação de valores da nova geração, tão carente de princípios como respeito, solidariedade e idealismo. O autor tenta fazer isso de forma lúdica, querendo, em um primeiro momento, resgatar no leitor adulto esses valores, para que, na seqüência, ele passe isso para seus alunos, seus filhos.
São dez histórias da literatura universal escolhidas por Gabriel pela relevância de seus ensinamentos. O autor diz que pretende resgatar em nós, adultos, a criança que um dia já existiu. Segundo ele, “uma criança que com o passar dos anos – e de todas as exigências que vêm no seu encalço –, vai se tornando cada vez mais reclusa e esquecida dos valores nobres que dão a ela dignidade e fidelidade aos seus princípios mais básicos: ser feliz e fazer o outro feliz.”
Para o escritor, as obras de arte têm como uma de suas características a capacidade de romper a barreira do tempo e do espaço, preservando sua atualidade. Os grandes clássicos da literatura, por exemplo, retratam em suas narrativas as grandes questões universais. Gabriel escolheu, entre esses textos mundialmente conhecidos, histórias como a do Patinho Feio, da Cinderela, de Dom Quixote, de Hércules, e textos da Bíblia, como Davi e o gigante Golias e a história do rei Salomão.

O rei Salomão e o valor da sabedoria
Salomão foi filho de Davi, o grande rei de Israel. Após sua morte, foi Salomão quem o sucedeu. A Bíblia conta que, certa noite, Salomão teve um sonho. Sonhou que Deus dizia: “Pede o que queres que Eu te dê.” Salomão, ainda jovem, com prudência admirável, pediu a Deus que lhe desse sabedoria para governar. Diz a Bíblia que Deus agradou-se tanto do pedido que, além de sabedoria, deu a Salomão tudo mais que um homem pode querer: poder, riqueza, inteligência, glória e muitos anos de vida para poder aproveitar tudo isso.

É bastante conhecida a história que versa sobre a sabedoria de Salomão – a de duas prostitutas que vieram até ele exigindo, ambas, a guarda de uma criança. Uma delas disse que a outra havia dormido em cima de seu verdadeiro filho, matando-o sufocado. Ela então trocou as crianças enquanto a outra dormia com seu bebê saudável. Entretanto as duas diziam ser a mãe do bebê. Salomão mandou que trouxessem uma espada para cortar ao meio a criança viva e dar uma metade para cada mulher. A falsa mãe deu de ombros, mas a verdadeira desesperou-se. Salomão então deu o bebê à mulher que nutria verdadeiro amor pelo filho.

“Saber é poder”, diz o dito popular. Isso faz com que pensemos a respeito da importância da sabedoria em nossas vidas e de como ela pode abrir portas para as mais variadas conquistas. O saber é o instrumento que nos garantirá uma vida mais digna e nos proverá o bem-estar essencial para nossa felicidade. E é necessário muita dedicação para conquistá-lo e para torná-lo nosso aliado nas batalhas do dia-a-dia.

Aliás, o que será que pediriam os moços e as moças de nossa geração se lhes fosse dada a mesma oportunidade oferecida ao rei Salomão? O que desejariam receber? O que considerariam mais importante na vida? Felizmente começamos a ver jovens presentes em campanhas fraternas, trabalhos voluntários, projetos voltados às comunidades carentes. Um indício de sabedoria.

É nosso dever incentivar essa mudança e prosseguir incutindo em nossas crianças e adolescentes lições e exemplos que contribuam à formação de seu caráter para que possamos moldar seres humanos mais sábios, empreendedores e competentes. Seres que tragam em si a prudência e a sensatez do rei.

O Patinho Feio e o valor do respeito
Quem não conhece a história do Patinho Feio? Quem nunca sofreu ou ao menos se comoveu com sua trajetória de sofrimento apenas por ser considerado feio e estranho aos seus? A riqueza da história de Hans Christian Andersen reside na capacidade de nos tocar profundamente, de despertar em nós o sentimento de amor ao próximo, de solidariedade e de respeito às diferenças.

Na história, como na vida real, o preconceito de cor, gênero, credo ou classe social prescinde de lógica e de racionalidade para se estabelecer. Não há alegação plausível, nem por parte dos intolerantes, a capacidade de refletir sobre a importância do outro como peça fundamental no jogo social. Um jogo que necessita das relações de troca, de amizade e de aprendizado que vêm da convivência pacífica entre todos – independentemente da origem ou da história de cada um.

Seja em casa ou na escola, temos o dever de orientar nossas crianças para a aceitação do outro, para a compreensão de que condutas preconceituosas só colaboram para a degradação das relações e da sociedade com um todo. A mensagem de Andersen é clara: a despeito das experiências dolorosas, temos de continuar acreditando em nós mesmos e também nos outros – mesmo que, a princípio, pareçam tão diferentes. Temos de acordar para o fato de que todos podemos ser como cisnes belíssimos, prontos para aproveitar a primavera e para viver uma vida pacífica e digna.

A responsabilidade é nossa
Diz Gabriel Chalita: “Devemos estar conscientes da importância de nosso papel e amparar, reerguer, reavivar os sentimentos, valores e atitudes que poderão renovar a confiança em dias melhores. Que essa consciência seja uma realidade e um estímulo a vocês, companheiros de jornada, colegas de cena neste teatro fabuloso que é a escola da vida.”

Façamos com amor, sabedoria e respeito a nossa parte!

Para saber mais: Pedagogia do Amor, Gabriel Chalita. Editora Gente.
www.editoragente.com.br
Onde encontrar: www.livrariascuritiba.com.br

Fonte: http://www.profissaomestre.com.br/php/verMateria.php?cod=1871

Um comentário:

  1. ADOREI o texto postado, pois estou trabalhando sobre semelhanças na constituição física entre seres humanos e diferenças somente de personalidade, tipo físico e cor de pele o que não em nada se verificarmos somente o caráter de cada pessoa...
    AMEI...
    Bjosss

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