domingo, 25 de julho de 2010

O PROFESSOR:
UM ATOR NO PAPEL DE LEITOR

Na escola, a quem se atribui a responsabilidade de atuar como leitor? Enquanto a função de decidir sobre a validade das interpretações costuma ser reservada ao professor – como já vimos anteriormente –, o direito e a obrigação de ler costumam ser privativos do aluno.
Para que a instituição escolar cumpra sua missão de comunicar a leitura como prática social, mais uma vez parece imprescindível atenuar a linha divisória que separa as funções dos participantes na situação didática. Para comunicar às crianças os comportamentos que são típicos do leitor, é necessário que o professor os encarne na aula, que ofereça a elas a oportunidade de participar de atos de leitura que ele próprio está realizando, que estabeleça com elas uma relação de “leitor para leitor”.
Nessa perspectiva, ao longo de uma mesma atividade ou em atividades diferentes, a responsabilidade de ler pode, em alguns casos, ser apenas do professor ou apenas dos alunos, ou ser compartilhada por todos. O ensino adquire características específicas em cada uma dessas situações.
Ao adotar em aula a posição de leitor, o professor cria uma situação de ficção: procede “como se” a situação não tivesse lugar na escola, “como se” a leitura estivesse orientada por um propósito não-didático – compartilhar com os outros um poema que o emocionou, ou uma notícia de jornal que o surpreendeu, por exemplo. Seu propósito é, no entanto, claramente didático: o que se propõe com essa representação é comunicar a seus alunos certos traços fundamentais do comportamento leitor. O professor interpreta o papel de leitor e, ao fazê-lo, atualiza um significado da palavra “ensinar” que habitualmente não se aplica à ação da escola, significado cuja relevância, no caso da leitura, faz tempo tem sido apontada por M.E. Dubois (1984):
“Pode-se falar de ensinar em dois sentidos, como um ‘fazer com que alguém aprenda algo’ […], ou como um ‘mostrar algo’3 […]. A idéia de ensinar a leitura desta última forma […] seria mostrar à criança de que maneira nós, adultos, utilizamos a leitura, do mesmo modo como lhe mostramos de que maneira usamos a linguagem oral.”
Mostrar para que se lê, quais são os textos que atendem a certa necessidade ou interesse, e quais serão mais úteis para outros objetivos, mostrar qual é a modalidade de leitura mais adequada para uma determinada finalidade, ou como o que já se sabe acerca do autor ou do tema tratado pode contribuir para a compreensão de um texto… Ao ler para as crianças, o professor “ensina” como se faz para ler.
A leitura do professor é particularmente importante no início da escolaridade, quando as crianças ainda não lêem, por si próprias, de forma eficaz. Durante esse período, o professor cria muitas e variadas situações nas quais lê diferentes tipos de texto. Quando se trata de um conto, por exemplo, cria um clima propício para desfrutá-lo: propõe que as crianças se sentem a sua volta para que possam ver as imagens e o texto, caso queiram; lê com a intenção de provocar emoção, curiosidade, suspense ou diversão; evita as interrupções que poderiam cortar o fio da história e, portanto, não faz perguntas para verificar se as crianças estão entendendo, nem explica palavras supostamente difíceis; incentiva as crianças a seguirem o fio da narrativa (sem se deterem no significado particular de certos termos) e a apreciarem a beleza daqueles trechos cuja forma foi objeto de um cuidado especial por parte do autor. Quando termina o conto, em vez de interrogar os alunos para saber o que compreenderam, prefere comentar suas próprias impressões – como faria qualquer leitor – e, com isso, desencadeia uma animada conversa com as crianças sobre a mensagem que pode ser inferida a partir do texto, sobre o que mais impactou a cada uma, sobre os personagens com os quais se identificam ou que lhes parecem estranhos, sobre o que teriam feito se precisassem enfrentar uma situação semelhante ao conflito apresentado no conto…
Quando, no entanto, se recorre a uma enciclopédia ou a outros livros para buscar respostas para as questões das crianças sobre um tema em estudo – por exemplo, em relação ao corpo humano as crianças de 5 ou 6 anos costumam fazer perguntas do tipo “por que se chamam ‘dentes de leite’ os que estão caindo?”; “serão realmente de leite?”; “é o coração que empurra o sangue ou é o sangue que empurra o coração?” –, o professor recorre ao índice, lê os diferentes títulos que nele se encontram e discute com as crianças em qual deles será possível encontrar a informação que procura; uma vez localizado o capítulo em questão, localizam-se os subtítulos, o professor os lê (mostrando-os), escolhe-se aquele que parece ter relação com a pergunta formulada, o professor explora mais essa parte do texto (indicando-a), até localizar a informação, em seguida lê, e analisa-se em que medida responde à questão surgida …
Uma vez terminada a leitura, tanto no caso do texto literário quanto no do texto informativo, o professor põe o livro que leu à disposição das crianças, para que possam folheá-lo e possam se deter naquilo que lhes chamar mais a atenção, propõe que levem para casa esse livro e outros que achem interessantes… Faz propostas desse tipo porque quer que as crianças descubram o prazer de reler um texto do qual gostaram ou de evocá-lo, observando as imagens, porque considera importante que seus alunos continuem interagindo com os livros e compartilhando-os com os outros, porque não considera imprescindível controlar toda a atividade leitora de seus alunos.
O professor continuará atuando como leitor – embora certamente não com tanta freqüência como no início – durante toda a escolaridade, porque lendo materiais que ele considera interessantes, belos e úteis, poderá comunicar às crianças o valor da leitura.
Entretanto, operar como leitor é uma condição necessária, mas não suficiente para ensinar a ler. Quando as crianças se confrontam diretamente com os textos, o ensino adquire outras características, são necessárias outras intervenções do docente. Essas intervenções são orientadas para que as crianças possam ler por si mesmas, para que avancem no uso de estratégias eficazes, nas suas possibilidades de compreender melhor o que lêem.
Em alguns casos, como já dissemos, a responsabilidade da leitura será compartilhada. Essa modalidade se mostra apropriada, por exemplo, quando se aborda um texto difícil para as crianças. Enquanto estão lendo, o professor as incentiva para que continuem a leitura sem se deterem diante de cada dificuldade, sem a pretensão de entender tudo, buscando compreender qual é o assunto tratado no texto; uma vez que elas tenham trocado idéias a partir dessa leitura global, propõe-se uma segunda leitura durante a qual irão descobrindo que conhecer todo o texto permite compreender melhor cada parte. No decorrer dessa leitura, ou durante a discussão posterior, o professor intervém – se considerar necessário – acrescentando uma informação pertinente para uma melhor compreensão de algum trecho, sugerindo que estabeleçam relações entre as partes do texto que eles não tiverem relacionado por si mesmos, perguntando sobre as intenções do autor, desafiando a distinguir o que o texto diz explicitamente e o que quer dizer… A ajuda oferecida pelo professor consiste em propor estratégias das quais as crianças se apropriarão progressivamente, e que serão úteis para abordar novos textos que apresentem certo grau de dificuldade. Além disso, nessas situações, o professor incentiva os alunos a cooperarem entre si, com o objetivo de que a confrontação de pontos de vista leve a uma melhor compreensão do texto.
Finalmente, em situações como as que analisamos no ponto anterior, o professor devolve totalmente às crianças a responsabilidade da leitura – cria uma atividade que lhes exige trabalhar sozinhas durante um tempo determinado –, com o objetivo de que se esforcem por compreender e construam ferramentas de autocontrole.
Em síntese, tanto ao mostrar como se faz para ler quando o professor se coloca no papel de leitor, quanto ao ajudar as crianças sugerindo estratégias eficazes nos momentos de leitura compartilhada, como também ao delegar a elas a responsabilidade pela leitura, individual ou grupal, o professor está ensinando a ler.

http://alfabetizacaoecia.blogspot.com

sábado, 24 de julho de 2010

A PROPÓSITO DE SER PROFESSOR
JÔ SOARES
A PROPÓSITO DE SER PROFESSOR…

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de “barriga cheia”.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um “Adesivo”.
Precisa faltar, é um “turista”.
Conversa com os outros professores, está “malhando” nos alunos..
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não se sabe impor.
A prova é longa, não dá tempo
A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.
Escreve pouco, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a “língua” do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é retido, é perseguição.
O aluno é aprovado, deitou “água-benta”.
É! O professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele.
Leitura
A criança e a timidez

"Série: Criando uma mente saudável – Parte 6”
Autores: Jon Talber / Ester de Cartago[1]
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A timidez também se aprende, ela não nasce como parte integrante do ser. A criança tímida aprendeu a ser assim. Trata-se de mais um comportamento pré-fabricado, dentre tantos que existem para rotular os indivíduos, lhes dar identidade. A timidez também se torna um identificador de indivíduos, é a mesma coisa que outros rótulos, tais como, medroso, ou corajoso, culto, popular, extrovertido, etc.

Um indivíduo corajoso, apenas repete os gestos superficiais, alegóricos, que caracterizam aquilo que chamamos de coragem. Assim coragem, ou demonstração de bravura, são simples roteiros que se seguidos à risca, tornam qualquer um medroso, ou corajoso, ou bondoso, não significando, entretanto, que internamente, dentro de si, aquele indivíduo seja qualquer uma dessas coisas.

Se, para se fazer um bolo basta seguir um receituário, para ser medroso ou corajoso, vale a mesma regra. É como um ator a representar seu papel teatral daquele dia. Representando, fingindo, ele é capaz de se tornar corajoso, ou extrovertido, ou covarde. Ele pode se tornar qualquer personagem, sem, no entanto, ser nenhum deles de fato.

Para entender a timidez, precisamos entender como se sente alguém tímido, que fatores externos e depois internos, o levaram a interpretar, na vida real, esse papel ingrato. Mais importante, no entanto, é compreendermos porque existe este tipo de comportamento, esse modelo de personalidade, que faz parte de um indivíduo, que às vezes o domina, que o controla e dirige a sua vida, aparentemente, à revelia da sua vontade.

Sabemos como nasce alguém tímido. Eles são criados a partir das comparações com outrem. Afinal de contas, um tímido é alguém que sempre está em desvantagem, seja em relação a um, seja em relação a muitos. Ele se compara, não porque o deseje, mas porque já foi comparado antes, e logo se sente inferior, é um sentimento de inferioridade, de incapacidade. Logo sua auto-estima é baixa.

Criamos o tímido quando louvamos qualidades nos filhos alheios, ou dos seus colegas, ou dos seus irmãos, deixando claro que estas, a nossa criança, aquela que é comparada, não possui. Um padrão de beleza que todos desejam ter, que passa a valer como ingresso de aceitação social, como um salvo conduto para merecer a atenção de um grupo, como um ingresso para fazer parte desse grupo, cria ou acentua a sensação de insegurança, própria do tímido.

Por isso trabalho em grupo é tão importante, sendo essencial, no entanto, que educadores e pais, criem na turma a ideia de igualdade. Isso se consegue na delegação adequada das tarefas, onde, ninguém deverá receber méritos diferenciados, ou ser elogiado por alguma particularidade. Deve-se elogiar sim, não um autor, mas a qualidade do trabalho, destacando-se as qualidades de cada um, sem classificar como menos ou mais, mas como igualmente importantes quando postas em conjunto, como resultado final.

Ao educador resta o respeito à criança, só assim poderá ajudar.

Compreender a timidez, isto é, seu plano de atuação na formação da psique da criança ou jovem, liberta o adulto inseguro, frustrado, violento e insatisfeito que seria seu futuro. Não podemos menosprezar a sensação de insegurança, que é quase uma regra entre os mais novos, assim como não podemos menosprezar, o medo que tenham, por exemplo, de falar em público. Isso apenas aumenta sua frustração e sensação de pequenez, que por si mesmo já é grande, não precisando, portanto, de alguém para lhes lembrar daquilo que já sabem ser.

Restaurar a segurança, ou confiança perdida, de uma criança ou jovem, primeiro começa pela compreensão, da parte do educador, de que aquele sentimento merece atenção e consideração. E apenas assim, ao ganhar o respeito do educador que se mostra solidário consigo, ela se mostrará disposta a ouvir seus conselhos.

Compreender então as diferenças, respeitá-las assim como o são, deve ser o primeiro passo do educador que deseja ajudar. Mas só poderá ajudar se o outro o permitir, e este só lhe dará acesso, se confiar em suas intenções. Isso se comprova pelo comportamento, palavras e ações, e nunca com discursos, por mais floridos que possam parecer. O tímido é mais observador que os demais, está sempre atento, até como meio de se proteger dos ataques que sempre acham virão de fora.

E finalmente, não se cura a timidez com as comparações, isso apenas tende a agravar o quadro. Comparar um tímido a alguém de comportamento não retraído, é o mesmo que fazê-lo sentir-se culpado pelo fato de ser inseguro, quando na verdade ele o aprendeu a ser. Aprendeu de forma involuntária, à revelia de sua vontade, do seu consentimento, sem direito à escolha. Lembre-se sempre de que, nós também aprendemos todos os nossos desejos e manias, medos e vaidades, sejam desagradáveis ou não, sem o nosso consentimento, se depois os rejeitamos ou aprovamos, isso é outra história.
http://professoravivianferreira.blogspot.com/2009/05/crianca-e-timidez.html

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O USO DA CALCULADORA NA SALA DE AULA

Apesar do uso da calculadora ter se tornado comum no nosso cotidiano, a instituição escolar tem persistido, na melhor das hipoteses, em ignorar a sua existencia, pois ainda chega a proibir o seu uso.
Segundo Pucci: “o problema mais serio aqui e, creio eu, fingir que a calculadora ainda não foi inventada. A escola (digo, o professor de matemática, principalmente) enxerga a calculadora como um objeto impuro, pornográfico, a ponto de baní-la da sua sala de aula”.
Ubiratan D'Ambrosio enfatiza a importancia da inserção da tecnologia na vida da criança.
Usualmente, no âmbito escolar, temos construído significados que associam a calculadora a inibição do raciocínio ou à preguica. Porém, ao explorarem este artefato cultural, os estudantes desenvolvem habilidades vinculadas ao cálculo mental, à decomposição e à estimativa, rompendo
com aqueles significados destacados anteriormente.
Além disto, com a exploração da calculadora estaremos auxiliando os alunos a lidarem com problemas de seu dia-a-dia (compra e venda de produtos, custo de uma produção, etc) e também preparando-os para o mercado de trabalho, o qual exige, cada vez mais, trabalhadores capazes de operar com as novas tecnologias. Como afirma D'Ambrosio (1993, p.16), “ignorar a presença de computadores e calculadoras na educação matemática é condenar os estudantes a uma subordinação total à subempregos”.
As orientações didáticas para a utilização da calculadora atendem à três aspectos básicos: desenvolvimento de conceitos e habilidades de pensamento (análise, inferência, previsão); resolução de problemas; atitudes frente ao ensino e aprendizagem de Matemática.
Usando a calculadora, o aluno pode concentrar sua atenção no desenvolvimento de estratégias de resolução e na aquisição de conceitos, desligando-se de cálculos repetitivos e extensos. Para o professor é a oportunidade de se fazer uma abordagem mais ampla em torno do conceito, evidenciando o seu significado e a análise de diferentes situações em que o conceito pode ser aplicado.
No processo de resolução de problemas, o uso da calculadora evidencia-se como um meio para a busca de soluções. Nesse sentido, essa funciona como ferramenta para facilitar e agilizar os cálculos, permitindo que as atenções do aluno sejam mais destinadas à compreensão dos conceitos em questão ou à estratégia de resolução do problema.
Ainda na perspectiva da resolução de problemas, as atividades com calculadora podem ser de natureza investigativa. A partir delas o aluno é levado a participar de pesquisas e descobertas. É possivel verificar as regularidades, investigar as propriedades dos números, realizar estimativas, formular hipóteses e verificar resultados.
No que se refere às atitudes, o trabalho com a calculadora deve levar o aluno, fundamentalmente, a refletir e a decidir sobre como e quando usá-la, identificando os cálculos mais apropriados para serem feitos na máquina. É importante que o aluno faça estimativas prévias, favorecendo, assim, a determinação da ordem da grandeza e que seja capaz de avaliar os resultados obtidos na calculadora.
Com certeza praticamente todos os estudantes de hoje utilizarão a calculadora em suas práticas sociais. Então, cabe à escola ensiná-los a fazer uso inteligente das máquinas.
É necessário promover uma discussão entre professores em torno das mudanças nas abordagens e nos métodos de ensino que estão associados ao uso da calculadora na prática pedagógica, alertando que o simples fato de permitir o seu uso nas aulas de matemática não levará à resolução de todos os problemas.
Deve-se, portanto, ter muito claros os objetivos e os diferentes métodos com os quais a calculadora pode contribuir para a aprendizagem.
* Texto elaborado pelas assessoras pedagogicas: Adriana Zini, Marines F. da Silva e Teresinha M. Salvador.
fonte: http://www.caxias.rs.gov.br/geemac/
Leitura e escrita sob um viés interdisciplinar

“Em nossa cultura, quanto mais abrangente a concepção de mundo e de vida, mais intensamente se lê, numa espiral quase sem fim, que pode e deve começar na escola, mas não pode (nem costuma) encerrar-se nela." Marisa Lajolo.

Ler é um conjunto de habilidades e comportamentos, é decodificar silabas ou palavras evoluindo até a leitura de um texto, dentro de um contexto. Escrever são habilidades e comportamentos, que vão desde escrever o próprio nome até a evolução da escrita de uma monografia. Alfabetizar pressupõe conhecimento reflexivo da escrita, para além da fala; exige, como já aponta etimologicamente a palavra alfabetizar, o agrupamento de alfa e beta, as duas primeiras letras gregas para o domínio do sistema da escrita. O sucesso da alfabetização depende do dinamismo do contexto social, que é referenciado pelo trabalho, ciência, participação popular e cultura.

O indivíduo alfabetizado é o sujeito que sabe ler e escrever. O indivíduo letrado, não só sabe ler e escrever, mas usa socialmente a leitura e a escrita, questionando as demandas sociais de leitura e de escrita. “A condição de sujeito letrado se constrói nas experiências culturais com práticas de leitura e escrita que os indivíduos têm oportunidade de viver, mesmo antes de começar sua educação formal” (Morais e Albuquerque, 2004).
A escrita tem uma função social, que traz consigo a idéia de representação. Alfabetizar é trabalhar a leitura e a escrita em suas diferentes funções. Quando trabalhamos a leitura e a escrita de maneira interdisciplinar, temos a oportunidade de introduzir o aluno no mundo da produção da leitura e escrita em situação real de uso, há a veiculação de idéias completas e a compreensão e o uso da mesma como ato interativo. Então, nessa seqüência de ações, o aluno tem oportunidade de participar, de pertencer, de estar junto, de somar e de agir. Portanto, alfabetizar letrando é orientar o ato de ler e de escrever no contexto das práticas sociais.

Não é suficiente ensinar o sistema de leitura e escrita ou a escrita correta das palavras, mas, é preciso orientar os alunos a ler e a produzir textos, o que estabelece também uma intervenção pedagógica ordenada. O ingresso no mundo da leitura e escrita é viável através da assimilação do sistema alfabético (alfabetização) e do desenvolvimento das capacidades de ler e produzir diversos gêneros textuais (letramento). Os gêneros textuais são instrumentos culturais e, portanto, se organizam e se transformam nas práticas de linguagem.

As situações que favorecem a aprendizagem da leitura resumem-se na compreensão da linguagem escrita através do uso, da experiência em situações específicas, em contextos reais de aprendizagem e utilização simultâneas, lendo e escrevendo textos coerentes, significativos e interessantes, em verdadeira linguagem interdisciplinar e contextualizada, como textos de jornais e revistas; contos de fadas; histórias do mundo; lendas, enfim todo o imaginário infantil. Quando essa aprendizagem acontece, o aluno é capaz de produzir e criar novas idéias alicerçadas na fala e na escrita, que lhe são peculiares.

A leitura significativa, feita de maneira interdisciplinar, favorece a memória; o conhecimento sobre a própria leitura do mundo; o conhecimento a respeito de como se escreve; a experiência das emoções. O aluno, através do trabalho interdisciplinar, vivencia experiências para a vida pela interação da linguagem falada e escrita, que não pode ficar restrita apenas a alfabetização, pois é necessário conhecer aspectos distintos existentes entre diferentes linguagens, sem o qual não se dá o efetivo exercício da cidadania.

Finalizando, a leitura e a escrita, é a ferramenta básica de inserção no mundo, é o elemento articulador de diferentes linguagens, é o instrumento para interação com diferentes áreas do saber, e é o meio de demonstração do sentir e do pensar. Trabalhar a leitura e a escrita de maneira interdisciplinar exercita a socialização, pois a livre expressão é responsável por grandes mudanças sociais.


“(...) As palavras não nascem amarradas, elas saltam, se beijam, se dissolvem, no céu livre por vezes um desenho, são puras, largas, autênticas, indevassáveis”. Carlos Drummond de Andrade

Amélia Hamze
Profª FEB/CETEC
ISEB/FISO-Barreto
Fonte: http://www.educador.brasilescola.com/trabalho-docente/leitura-escrita-sob-um-vies-interdisciplinar.htm
EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA

LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro.
E uma banana pelo potássio.
E também uma laranja pela vitamina C.

Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água.
E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).

Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
Uma taça de vinho tinto também.
Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso.
Um copo de cerveja, para… não lembro bem para o que, mas faz bem.
O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.

Todos os dias deve-se comer fibra.
Muita, muitíssima fibra.
Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente.
E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada.
Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia.

E não esqueça de escovar os dentes depois de comer.
Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.

Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito.

As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia.
Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).

E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.

Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.

Ah! E o sexo.
Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina.
Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução.
Isso leva tempo e nem estou falando de sexo tântrico.

Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação.

Na minha conta são 29 horas por dia.
A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!!

Tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos e seus pais.
Beba o vinho, coma a maçã e dê a banana na boca da sua mulher.
Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésia.

Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.
E já que vou, levo um jornal…

Tcháu….
Se sobrar um tempinho, me manda um e-mail.
(Luis Fernando Veríssimo)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

CUIDADOS COM A SAÚDE VOCAL
Tânia Bello
Psicomotricista, Psicopedagoga, Fonoaudióloga - CRFa. 2542/SP, especialista em Linguagem - CFFa. 2440/04
E-mail: taniabello@uol.com.br

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A voz é uma ferramenta muito potente de comunicação humana, por isso devemos cuidar muito bem dela.
Todas as pessoas podem ficar atentas, no seu dia-a-dia e construir hábitos saudáveis que contribuam para manter a sua saúde vocal evitando, assim, transtornos como disfonia (rouquidão) e afonia (perda da voz).

O cuidado deve ser maior ainda para profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho. Professores, cantores, locutores, têm maior probablilidade de desenvolver problemas , como nódulos, por exemplo, que ocorrem devido ao uso frequente e inadequado das pregas vocais.

Em condições normais, a produção da voz ocorre da seguinte maneira: o ar expelido dos pulmões passa pelas duas pregas vocais que se localizam na laringe. Esta corrente de ar aproxima as pregas, fazendo com que elas vibrem e produzam o som. O processo deve acontecer de forma natural e sem esforço, o que muitas vezes não ocorre e pode desencadear alterações na voz.

Uma voz saudável é também fruto de uma mucosa íntegra. Nossas pregas são músculos cobertos por uma delicada mucosa, que pode ser afetada por fatores como inflamações do trato respiratório, fumo e uso bebidas alcoólicas. Em decorrência dessa agressão, normalmente surge o muco e o pigarro, que prejudicam ainda mais a produção da voz.

Portanto, caso você opte por ter uma voz saudável é importante reduzir e preferencialmente eliminar o álcool e o fumo, que aliás repercutirão em outros aspectos de sua saúde. Você sabia que o fumo é a segunda maior causa de câncer de laringe no Brasil?

Criar hábitos saudáveis é uma escolha. É sempre importante lembrar que para criar um hábito é necessário praticar com frequência, até que o comportamento torne-se natural e espontâneo.
Veja algumas dicas que você pode incorporar ao seu dia-a-dia. Sua voz vai agradecer e você ouvirá a diferença...

Beba bastante líquido, o equivalente a 8 copos de água por dia, em temperatura ambiente;
Se a umidade do ar estiver muito baixa, ou se o uso de ar condicionado for frequente aumente a hidratação;

Evite tossir e pigarrear, pois as pregas vocais serão ainda mais agredidas, prefira deglutir a saliva como forma de aliviar a “coceira”e, sempre procure um especialista para fazer o diagnóstico adequado de tosses e rouquidão;

Não fale em ambientes ruidosos, a tendência é elevar o volume a custa de um esforço nas pregas vocais.

Poupe sua voz em casos de alergias, gripes, resfriados e também após o uso excessivo, que deve ser evitado. Lembre-se que existem outros recursos comunicativos, a voz, apesar de muito importante não é a única forma de se expressar.

Publicado em 17/08/2009
http://www.pedagobrasil.com.br/fonoaudiologia/cuidadoscomasaudevocal.htm



Disciplina Dentro de Casa

"Educação não é a simples transferência do conteúdo de um livro, para o cérebro."

Não desenvolvemos nosso tato, ou audição, ou paladar, o que na verdade ocorre, é a simples adaptação dos mesmos às condições ambientais. O resto é interpretação, é dar nomes ao que estamos fazendo, ao que estamos sentindo. Não se amplia o tato, ou audição, ou paladar, através do conhecimento adquirido, apenas nos especializamos em interpretar aquilo com o qual temos contato.

Seria de grande utilidade que aprendêssemos sobre nós mesmos, antes de nos propormos a ensinar nossos filhos e alunos. Não deveríamos ensinar aquilo que não somos, mas podemos fazê-los repetir aquilo que também já repetimos. Isso não é educar, trata-se apenas de fazê-los, à força de alguma sugestão, adaptarem-se ao que também já nos adaptamos antes deles. Repassamos instruções, assim também como nos repassaram um dia. Instruções não educam, mas ajudam a tornar o indivíduo, um excelente profissional, um exímio imitador de gestos, expressões e palavras alheias.


Poderíamos começar do básico, com nossos medos. O que são os nossos medos e por que, a despeito de toda força da tradição, da cultura milenar, da nossa especialização que atinge o mais elevado nível intelectual, ainda não somos capazes de lidar adequadamente com ele? Por que ele persiste em nos atormentar vida afora apesar de todo poderio intelectual conquistado pelo homem até esse momento? Criam-se especialistas na psique humana, especialistas em angústias, em tristezas, mas a despeito de tanto empenho, por que tais perturbações continuam a fazer parte dos nossos mais importantes problemas?

Não começamos agora, somos o resultado de milênios de cultura e tradição; do poder das autoridades doutrinárias, dos reformadores “bem intencionados”, das centenas de homens de “boa vontade” que já povoaram as muitas civilizações de todos os tempos, e nossos problemas, ao contrário de nós, não são coisa nova. Somos recentes sobre a terra, nossos problemas não o são. Perduram a milhares de homens e tradições; de mudanças e guerras sociais, e a despeito do progresso material alcançado, psicologicamente parece que não progredimos um passo sequer.

Ainda somos tão medrosos quanto nossos mais primitivos ancestrais, e nossos estados emocionais, nunca compreendidos, portanto nunca r esolvidos, continuam a ser n osso principal embaraço existencial. Por que insistem as instituições chamadas de educacionais, em manter os seus modelos que já sabem tratar-se de uma metodologia estúpida, e sem pretensão nenhuma de construir um homem sensato? São capazes de instruir alunos a se tornarem repetidores voluntários, que agindo como se fossem máquinas, vivem no seu dia a dia como autômatos, seguindo ordens, obedecendo à comandos, sem a menor sensibilidade; repletos de todos os medos e angústias que já experimentaram todos os outros homens.

Não poderia ser diferente a angústia desse homem, uma vez que como imitadores perfeitos que são, que simplesmente se adaptam às situações do dia a dia, ou se deixam levar como pesos mortos, sem opor resistência alguma, ao sabor da correnteza, continuam a repetir até a forma dos sofrimentos dos ancestrais.

Se o objetivo da vida de cada homem, “educado” segundo estes critérios for à manutenção do caos humano, da angústia e sofrimento que se arrasta civilização após civilização; da manutenção dos seus medos e violência, das guerras cujo objetivo é tão somente defender a supremacia de opiniões estúpidas e sem valor, então as escolas atuais são perfeitas para ele. Se ao contrário, qualquer uma dessas coisas o incomoda, não o são, uma vez que não cuidam de ajudar a resolver esse problema.

Observando a ordem interna de nossas casas, logo podemos perceber, que o bom senso que buscamos fora dela, deve-se ao fato de não o praticarmos internamente. Na maioria das vezes, os melhores amigos de nossos filhos e filhas, não são seus pais, mas amigos de fora. Isso é quase uma regra geral, que faz parte da tradição e cultura, que é mesmo incentivado pelas escolas e pelos próprios pais, e alguns poucos que se aventuram em contrariar tal prática, logo são considerados estranhos, de fora de moda, ou caretas.

A criança, mais que um adulto, necessita de cuidados especiais, de uma atenção maior por parte dos educadores e pais. Estão elas sendo “formatadas” para se tornarem adultos, e a depender dessa formatação, construirão um mundo de desarmonia ou harmonia. Mas como podemos construir nosso filho ou aluno, à imagem do bom senso, se as influências de todas as partes, a nosso ver, teimam em fazer o contrário? Será que o exemplo não começa dentro de casa? Afinal de contas, esse é o ponto de origem de qualquer criança. É seu ponto de partida e de chegada ao final do dia, ou do período que se mantém afastado dos pais.

Os problemas do mundo já existiam antes de nós existirmos. Não existem novos problemas, apenas novos indivíduos experimentando as mesmas coisas.

Supondo que caminhemos sobre uma linha reta, sobre a qual podemos andar para trás ou para frente; e qualquer que seja o sentido ou a direção que venhamos a tomar, será sempre, para trás ou para frente. É uma linha inflexível, e esta representa o que nesse momento somos como indivíduo; nossa inteira formação psicológica, nosso modo de avaliar coisas e pessoas, nosso arquivo pessoal de informações com as quais julgamos qualquer situação do nosso viver. Essa linha inflexível representa o tempo, o tempo necessário para a assimilação das idéias do mundo, e construção de nossa personalidade. Não são idéias novas, pois nem o mundo é novo, nem suas tradições são novas. Mas como seres recém chegados ao mundo, logo nos tornaremos tão velhos quanto suas idéias e tradições, pois são elas que formatarão nossas personalidades, e sentimentos, e medos, e angústias.

Podemos constatar tudo isso de uma forma muito singular. Perguntemo-nos se há em nós algum sentimento emocional único, nunca experimentado e rotulado antes por mais ninguém; e mais ainda, se há alguma idéia absolutamente nova em nossos pensamentos, uma vez que qualquer idéia se baseia em tudo que existe, e que já assimilamos do próprio mundo. A resposta será não, pois o mesmo conhecimento que formou minha psique é também do mundo, e está disponível para todos. É claro que cada cultura contribui com uma parte, e na parte de nossa cultura, nos encaixamos. E todas as culturas juntas, como fragmentos, formam o conhecimento do mundo, a mente, ou psique possível desse mundo.

Isso inclui o conhecimento material e o emocional; os problemas criados e as soluções sempre parciais que se apresentam. Somos o resultado de tudo isso, e sensato seria questionarmos por que as soluções são sempre parciais, e por que ainda há o problema do medo, dos conflitos, do sofrimento.

Passados tantos séculos de tentativas; de planos para colocar o homem em ordem, de repressão violenta com a mesma intenção; de reformas sociais e religiosas, sem um resultado definitivo, resta-nos questionar se o pensamento do homem, todo o seu conhecimento, é capaz de promover essa tal transformação.

Podemos continuar a esperar pela escola, pelas reformas sociais ou políticas; que o tempo resolva a questão, a despeito de passados milhares de anos e civilizações, ainda não o ter feito, ou podemos, ao contrário, começarmos uma reforma em casa, um ajuste interno que não dependa mais de tais influências ou opiniões, de quem quer que seja. É um passo gigantesco, uma vez que não nos guiaremos mais por ninguém, nenhuma tradição ou propaganda. Será um aprendizado novo, a partir de nós mesmos, da prática com nossa família e amigos, do contato intimo com nossos filhos e cônjuges. Aprenderemos enquanto vivenciamos, enquanto sentimos; enquanto sofremos com nossos problemas, ou enquanto nos empenhamos em resolvê-los, e dessa experiência, certamente que nascerá um novo homem.
http://professoravivianferreira.blogspot.com

terça-feira, 20 de julho de 2010


Aplicando jogos matemáticos em sala de aula

A interação aluno/professor nas aulas de matemática facilita o aprendizado.

O currículo proposto pela LDB não deve ser encarado pelo professor como algo a ser comprido a risca ou como um montante de conteúdos que devem ser aplicados a qualquer custo, sem possibilidade de mudanças. O educador deve estar atento ao que o currículo oferece e tentar evoluí-lo, acrescentar a ele recursos que possam facilitar e aprimorar o aprendizado do aluno. É aí que os jogos matemáticos entram.

Os jogos matemáticos não são as únicas formas lúdicas de trabalhar um conteúdo ou de evoluir o currículo, mas é uma das mais bem aceitas pelos alunos. A escolha de um jogo não deve ser aleatória, é necessário selecionar um conteúdo, relacionar conceitos, pensar em matérias, estudar contextos, observar os alunos e refletir sobre a eficácia do que é proposto. Com certeza, aplicar um jogo matemático que tenha relação direta com um conteúdo é muito trabalhoso, mas a resposta dos alunos é mais satisfatória do que a tradicional aula quadro e giz.

Depois que o professor passou por todas as fases citadas acima e escolheu um jogo para os seus alunos, ele deve ter em mente que esse jogo deve ser um fator motivador para que eles consigam entender o verdadeiro significado de alguns termos e conceitos matemáticos. O professor deve estar se perguntando como que o jogo vai fazer com que o aluno entenda melhor conceitos matemáticos?

Tudo começa na conscientização do professor de que:
• é importante aplicar na sala de aula o lúdico, tornar a educação matemática algo acessível não só dentro de sala de aula, mas no cotidiano do nosso aluno.
• e devemos também tomar consciência de que não será no primeiro jogo aplicado que os alunos irão identificar o que fazer quando lhe é apresentado um jogo curricular e nem irá conseguir organizar mentalmente as fazes que deverá percorrer, tudo é um processo.
Para que as aplicações dos jogos curriculares sejam positivas, esses devem fazer parte da estratégia pedagógica do professor durante todo o ano letivo, não deve ser trabalhado aleatoriamente e ao aplicá-lo deve dar ao aluno a oportunidade de comunicar, interagir para que formulem as suas próprias opiniões.

A interação, a comunicação com outros colegas tornará a linguagem cotidiana e a linguagem matemática uma ponte de diálogo entre os alunos e entre eles e o professor. A comunicação entre eles, a identificação, a relação do jogo com o conteúdo matemático tornará mais fácil e acessível a compreensão dos pontos importantes para uma perfeita comunicação matemática que são:
• Compreender enunciados orais e escritos.
• Exprimir oralmente e por escrito enunciados de problemas e conclusões.
• Utilizar a nomenclatura adequada.
• Interpretar e utilizar representações matemáticas.
• Transcrever mensagens matemáticas da língua materna para a linguagem simbólica e vice-versa.

Durante a aplicação do jogo o professor deve estar atento às reações dos alunos, se realmente estão mentalmente envolvidos, se conseguem identificar e interpretar as regras, se estão superando as dificuldades ou procurando uma estratégia. Esses são pontos identificadores para o professor avaliar se realmente o jogo aplicado está sendo aceito.

O jogo deve ser visto pelo professor como uma das várias estratégias pedagógicas e o sucesso da sua aplicação está diretamente ligado ao planejamento (como o conteúdo será abordado).

O professor deve estar sempre atento às novas formas de ensino, sempre focando o ensino na realidade de vida e aprendizado do seu aluno.

Por Danielle de Miranda
Graduada em Matemática
Equipe Brasil Escola
Fonte: http://www.educador.brasilescola.com

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sugestão de Atividade

O Hino Nacional Brasileiro verso a verso

Confira os versos originais e a interpretação desse hino que ainda faz tanta gente se emocionar.

Ouviram, do Ipiranga, as margens plácidas,
de um povo heróico, o brado retumbante.

As margens plácidas do (Rio) Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico.

Plácido quer dizer calmo. Dom Pedro I vinha de Santos, ao longo do Rio Ipiranga, quando tomou a corajosa decisão de declarar a Independência do Brasil.

Brado é grito. Retumbante é estrondoso, barulhento, para fazer contraste com a placidez das margens.

Poderíamos parafrasear (escrever de outra forma) esse verso assim: As margens calmas do Rio Ipiranga ouviram o grito estrondoso de um herói (Dom Pedro I) que representava todo o povo brasileiro.

E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
brilhou no céu da Pátria nesse instante.


Fúlgido significa brilhante. Mas não dava pra dizer: “em raios brilhantes, brilhou”, porque ficaria repetitivo e pobre. O grito de “Independência ou Morte” transformava uma nação colonial, dependente de Portugal, em um novo país, autônomo e livre. Duque Estrada compara a liberdade com um sol brilhante que ilumina o céu, a Pátria, antes obscurecida pelo colonialismo.

Se o penhor dessa igualdade,
conseguimos conquistar com braço forte,
em teu seio, ó Liberdade,
desafia, o nosso peito, a própria morte!

Penhor equivale a garantia, segurança. É comum a gente penhorar algo de valor (em troca de dinheiro) e receber um papel que garanta a recuperação do objeto penhorado. O Brasil passou a ser independente e, portanto, conquistou o penhor da igualdade, ou seja, daquele momento em diante, Portugal e Brasil eram nações iguais, sem que uma fosse superior à outra. E a frase continua, dizendo: o nosso peito desafia a própria morte. Simplificando: agora que o povo brasileiro conquistou seu passe para a liberdade, por sua força e coragem, inspirado nessa nova liberdade, não hesitará em enfrentar a própria morte (isto é, se tiver de lutar e morrer, o povo não sentirá medo nem irá recuar).

A frase pode ser reescrita assim: pela nossa coragem, conquistamos uma igualdade de condição com quem antes era nosso colonizador e, para manter essa situação de liberdade, estamos prontos a sacrificar a própria vida.

Ó pátria amada,
idolatrada,
salve! Salve!

Idolatrar é transformar algo ou alguém em ídolo, como se costuma fazer com artistas de modo geral.

Salve equivale a uma saudação. Originalmente se dizia: Deus te salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
de amor e de esperança à terra desce,
se em teu formoso céu, risonho e límpido,
a imagem do Cruzeiro resplandece.


Vívido é intenso, ardente, vivo. Formoso é belo. Límpido significa transparente, claro. Resplandecer equivale a brilhar ou luzir intensamente.

Aqui, o poeta compara o Brasil a um sonho intenso, porque ainda tem muito a realizar.

Sabe-se que o Cruzeiro do Sul é uma constelação que aparece no céu do Brasil. Ela tem forma de cruz, que nos lembra Jesus Cristo e as práticas cristãs. Portanto, vamos refazer os versos para entender o sentido: O Brasil é como um sonho intenso e, já que em nosso límpido céu a cruz de Cristo resplandece, dessa cruz desce um raio brilhante que ilumina o Brasil. Ou seja, o Brasil está sob o amparo e a proteção de Cristo.

Gigante pela própria natureza,
és belo, és forte, impávido colosso,
e o teu futuro espelha essa grandeza.


Se você olhar o mapa mundial, vai notar que o Brasil é o quinto maior país do mundo (depois da Rússia, do Canadá, dos Estados Unidos e da China). Com mais de 8.500.000 km2, o Brasil é naturalmente gigantesco.

Note que, às vezes, os poetas têm o costume de falar diretamente com as coisas, como se elas fossem pessoas, ou seja, personificando-as: és belo, és forte...

Impávido significa sem medo, destemido, corajoso. Colosso é uma pessoa ou um objeto de tamanho muito grande. Vamos reescrever a frase: Tu (Brasil) és belo, forte e, graças ao tamanho imenso que a natureza te deu, não tens medo de nada. Além disso, a tua grandeza de hoje vai se revelar no futuro.


Terra adorada, entre outras mil,
és tu, Brasil, ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo, és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!


Esse trecho é mais fácil de se entender, embora também utilize algumas inversões:
Brasil, tu és nossa terra adorada, e te escolhemos entre outras mil terras; tu és nossa Pátria amada, mãe gentil (carinhosa, generosa) dos filhos deste solo (nós, brasileiros).

Deitado eternamente em berço esplêndido,
ao som do mar e à luz do céu profundo,
fulguras, ó Brasil, florão da América,
iluminado ao sol do Novo Mundo!

A idéia que Duque Estrada quer transmitir é a de que a localização geográfica do Brasil é mesmo muito privilegiada: as montanhas, as matas, os rios, enfim, toda a natureza forma a imagem de um berço (porque, além do mais, o Brasil, uma nação que se tornara recentemente independente, era como um imenso país recém-nascido).

Esplêndido é maravilhoso, deslumbrante.

Fulguras é brilhas, resplandeces. Também pode significar distinguir-se ou sobressair (entre outros).

Florão é uma decoração bonita e grande em forma de flor, que fica no centro de algo, em destaque. Ao som do mar, porque temos um litoral muito vasto, com belíssimas praias; e à luz do céu profundo, isto é, ensolarado, típico dos trópicos.

O sol do Novo Mundo coloca o Brasil, mais uma vez, como uma nação jovem e promissora. O Velho Mundo (Europa) conquistou e colonizou o Novo Mundo (América).

Vamos reescrever: Brasil, tu possuis uma localização espetacular, com uma natureza rica, muito mar e sol. Por isso, entre outras nações da América (Novo Mundo), tu te destacas como um florão.

Do que a terra mais garrida,
teus risonhos lindos campos têm mais flores;
“nossos bosques têm mais vida”,
“nossa vida”, no teu seio, “mais amores”.


Garrida é colorida, alegre, vistosa. Teus campos risonhos [e] lindos têm mais flores do que a terra mais garrida (vistosa). Ou seja, nossa natureza é mais colorida e bela que a de qualquer outra terra.

Nossos bosques têm mais vida (mais beleza e vitalidade), nossa vida, em teu seio (dentro de ti, Brasil), mais amores. Equivale a dizer que nós, brasileiros, por vivermos no Brasil, somos mais capazes de amar. As aspas são usadas por Duque Estrada no original, pois representam citações dos versos de Gonçalves Dias em Canção do Exílio:

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá...

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida, mais amores.


Brasil, de amor eterno, seja símbolo
o lábaro que ostentas estrelado.


Um símbolo é um tipo de signo (pode ser uma palavra, uma medalha, um emblema, uma cor, um escudo, etc.) que serve para representar alguma outra coisa.

Ostentar é mostrar com orgulho. O lábaro era um estandarte muito usado pelos romanos. Aqui, está representado por nossa bandeira, repleta de estrelas. O poeta comparara a bandeira brasileira a um estandarte e deseja que ela represente o amor eterno.

O verso está invertido. Sem a inversão, ficaria assim: Brasil, que o lábaro estrelado que ostentas seja símbolo de amor eterno.

E diga o verde-louro desta flâmula
— Paz no futuro e glória no passado.


Flâmula, aqui, é sinônimo de bandeira. O louro é uma planta, com cujos galhos os imperadores romanos eram coroados. Portanto, simboliza poder e glória. Mais uma vez, vamos olhar para a bandeira. Duque Estrada torce para que o verde-louro da bandeira simbolize um poder que venceu batalhas gloriosas no passado, quando isso foi necessário para se conseguir a independência, mas só deseja paz daquele momento em diante, pois o verde, além da esperança, também simboliza a paz.

A palavra louro também pode significar a cor amarela (verde-amarelo); nesse caso, o autor refere-se, então, ao verde como símbolo da paz e ao amarelo como símbolo da glória.

Mas, se ergues, da justiça, a clava forte,
verás que um filho teu não foge à luta,
nem teme, quem te adora, a própria morte.


Clava é um pedaço de pau pesado (mais grosso numa ponta que na outra), que era usado como arma, semelhante ao tacape, usado por nossos índios.

Vimos que, no verso anterior, o poeta sonha com a paz no futuro. De repente, entretanto, esse novo verso diz: mas, se ergues (levantas) a clava forte da justiça, ou seja, se o país tiver de lutar contra a injustiça, verás que um brasileiro (filho teu) enfrenta a guerra (não foge à luta).

E quem te adora não teme a própria morte quer dizer: o brasileiro, que ama tanto seu país, seria capaz de sacrificar sua própria vida para defendê-lo.
Encontrado no site: http://www.construirnoticias.com.br

terça-feira, 13 de julho de 2010

Pai Nosso Ilustrado










Fonte: http://educandocomcarinhoo.blogspot.com/

Elogios e críticas: é importante que os educadores saibam dosar

Por Içami Tiba

Um bom e merecido elogio eleva a alma, aumentando a auto-estima, enquanto uma severa crítica destrutiva congela a pessoa, minando a auto-estima.

Tanto elogios quanto críticas chegam de outras pessoas, reforçando ou contrariando o que uma pessoa avalia de si mesma.

Não costuma ser bem visto um autoelogio, mas uma autocrítica é estimulada em uma sociedade onde se pretende que as pessoas procurem melhorar sempre.

Mas não há como impedir que uma pessoa sinta um bem estar quando faz algo que ela mesma aprove e aprecie.

Raramente uma pessoa deixa de fazer uma autocrítica, principalmente quando ela tem o hábito de reavaliar a sua participação seja em onde e como for.

Esta autoavaliação pode ser entendida como se a pessoa tivesse dentro de si um juiz que lhe avaliasse em cada pensamento, sentimento ou ação.

Este juiz que habita o interior de todas as pessoas um dia já esteve fora.

São os pontos de vista dos seus pais (professores, parentes ou quaisquer outras pessoas) que lhes sejam importantes e significativas. Se estas pessoas foram saudáveis educadores, isto é, souberam dosar bem os elogios e críticas, o juiz é bastante justo.

Desenvolve-se o juiz interno como se desenvolve a língua que os circundantes usam.

Em geral, pais muito severos que só criticam desenvolvem um juiz autocrítico severo, mas um fraco autoelogiador e pais que só elogiam desenvolvem um juiz permissivo que avalia como positiva qualquer ação que venha a praticar.

Nem tanto à terra, nem tanto ao mar, mas neste caso, o equilíbrio não está no meio, mas o juiz ser mais crítico ou elogiador conforme a necessidade da própria criança a ser educada.

Nem todas as crianças nascem iguais.

Umas já nascem mais sossegadas e outras mais agitadas.

Em geral as mais sossegadas aprontam menos, pois pensam antes de fazer e levam menos broncas que as agitadas que acabam fazendo sem pensar.

Broncas e críticas a crianças mais tranqüilas tornam o seu juiz interno muito autocrítico.

Elogios e afagos a crianças impulsivas constroem um juiz interno muito permissivo e quase delinqüente.

Imaginemos o que acontece com uma criança que já tenha seu juiz interno mais crítico que elogiador receba do professor uma crítica, um apelido, uma gozação, uma ironia, ou uma desqualificação do professor durante a aula, ou dos colegas formadores de opinião fora da sala de aula...

Há críticas que ajudam e outras que atrapalham.

As que ajudam são as verdadeiras, mas critica-se a ação e não a pessoa.

Chamar um aluno de "vagabundo" por não ter feito uma lição é julgar o aluno e não a sua falha.

É preciso ter elevadíssima auto-estima para não se abalar com apelidos pejorativos colocados por colegas conhecidos e/ou conviventes.

Existe em família um costume horrível: criticar a pessoa querida por desejar que ela melhore. Tão horrível quanto elogiá-la em tudo, mesmo que não mereça o elogio, pois, assim, pensam os elogiadores, "quem sabe ela melhore..." Isso pode acontecer com pais que por algum motivo acabam sendo professores dos seus próprios filhos.

O que acontece com estes pais tem um nome: envolvimento emocional.

Tanto o elogio quanto a crítica não devem ser sobrecarregados com outros significados além dos seus próprios.

Assim, principalmente os educadores não devem misturar suas emoções, afetos, preferências e rejeições sobre seus elogios e críticas aos seus alunos, sob o risco de descaracterizar suas funções educativas.

Içami Tiba
Psiquiatra, educador e conferencista. Escreveu “Quem Ama, Educa! Formando Cidadãos Éticos" e mais 22 livros.
Site: www.tiba.com.br

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Estou fazendo uma seleção de textos do Mário Quintana para trabalhar na escola; vejam este que eu encontrei na internet, muito belo!

Certezas (Mário Quintana)
Não quero alguém que morra de amor por mim…Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando. Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade. Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim…Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível…E que esse momento será inesquecível..Só quero que meu sentimento seja valorizado. Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre…E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor. Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém…e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto. Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho…Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento… e não brinque com ele. E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo. Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe…Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz. Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz. Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas…Que a esperança nunca me pareça um “não” que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como “sim”. Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros…Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento. Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão…Que o amor existe, que vale a pena se doar as amizades, às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim…e que valeu a pena.
Mário Quintana

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Entrevista maravilhosa
Gestão Escolar

Edição 008 Junho/Julho 2010 Título original: À escola o que é da escola

António Nóvoa fala sobre conteúdos que devem ser prioritários na escola

O educador português e reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa, defende a priorização do conhecimento e da cultura no currículo. "Outros conteúdos devem ser responsabilidade da sociedade."
Cinthia Rodrigues (gestao@atleitor.com.br)

"Imagine que a escola é um pote." O pedido tem sido repetido pelo educador português António Nóvoa, um dos mais respeitados nomes na área de formação de professores, em palestras ao redor do mundo. Ele mostra no telão a imagem de um recipiente em que dentro se veem itens como Matemática, Língua e História. "Porém as crianças precisam ter noções de meio ambiente, certo?", diz. "E aulas de cidadania e higiene", completa ele, inserindo, por meio de uma animação, mais conteúdo na vasilha. "Alguém precisa preveni-los também contra a aids, a violência sexual..." Quando o pote já está quase cheio, ele mesmo responde: "Tudo isso é importante, mas não deve ser responsabilidade da escola."

Reitor da Universidade de Lisboa e doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra e em História pela Universidade Sorbonne, em Paris, Nóvoa conjuga experiência internacional e conhecimento histórico ao defender que, para fazer um bom trabalho, a escola deve decidir o que é essencial ensinar aos alunos - e gastar tempo e esforços apenas com isso. "À escola o que é da escola", diz. Outros conteúdos devem ser cobrados de outras instituições. Leia a seguir a entrevista que o educador deu a NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR no fim do ano passado, quando esteve no Brasil.

Qual é o principal desafio de um gestor escolar atualmente?


ANTÓNIO NÓVOA Acredito que é decidir o que é essencial ensinar aos alunos e garantir que as disciplinas elementares não sejam prejudicadas pela avalanche de conteúdos que são propostos atualmente. Hoje, a equipe docente se ocupa da Educação Ambiental, alimentar e comportamental e com programas de prevenção a aids, acidentes de trânsito e violência sexual. Todos muito importantes, mas que não são responsabilidade da escola. Ao tentar colocar tudo no mesmo pote, falta espaço para o básico.

Como saber o que é essencial?

NÓVOA Há um pensamento notável de Olivier Reboul, filósofo francês (1925-1992). Ele diz que deve ser ensinado na escola tudo o que une e tudo o que liberta. O que une é aquilo que integra cada indivíduo num espaço de cultura, em determinada comunidade: a Língua, as Artes Plásticas, a Música, a História etc. Já o que liberta é o que promove a aquisição do conhecimento, o despertar do espírito científico, a capacidade de julgamento próprio. Estão nessa categoria a Matemática, as Ciências, a Filosofia etc. Com base nesse princípio, podemos selecionar o que é mais importante e o que é acessório na Educação das crianças.

Temas como Educação sexual, alimentar e ambiental poderiam ser descartados do currículo escolar?
NÓVOA Não, mas hoje existem instituições e profissionais com conhecimento nessas áreas que podem prover essa formação. Há museus, associações, estudiosos, institutos e fundações mais preparados para tratar de certos temas do que um professor. Nós, docentes, não podemos fazer tudo. Devemos concentrar esforços numa Educação especificamente escolar. É claro que isso implica uma maior responsabilidade da sociedade com outros temas, com espaço para a cobrança por todos, inclusive os gestores escolares.

Por que é tão difícil separar o conteúdo escolar do "conteúdo social"?

NÓVOA Esse é um problema dificílimo, sobretudo no Brasil, em que tantos alunos têm ainda enormes carências sociais. Por isso, há a tendência de a equipe docente ceder espaço para atividades que, teoricamente, ajudam na promoção da igualdade de direitos. Contudo, não existe inclusão social se os estudantes não aprendem as ferramentas básicas do conhecimento e da cultura. No século passado, muito se investiu em um conceito de Educação integral, no qual a escola deveria acolher a criança, ensinar todo o necessário e depois devolvê-la pronta à sociedade. Isso fazia sentido porque a maior parte da população era analfabeta e ignorante. A escola tinha de compensar o que não existia fora dela. Hoje, ocorre justamente o contrário. É hora de devolver a criança à sociedade.

Até que ponto o gestor pode mexer no currículo quando há uma política nacional definida pelo governo?
NÓVOA Muitas propostas de Educação complementares ao currículo não são impositivas. Cabe aos diretores de cada escola escolher o que priorizar. Tanto é assim que em vários países, embora a política educacional seja única, verifica-se um dualismo cada vez mais acentuado: as elites investem na Educação privada, cuja base estrutural é a aprendizagem, enquanto as escolas públicas estão cada vez mais centradas em dimensões sociais e assistenciais. Essa Educação feita em duas velocidades é o pior dos cenários para o nosso futuro, pois só aumenta a desigualdade de oportunidades.

O que responder aos que cobrarão o ensino de outros temas?
NÓVOA Que não se pode pretender que a sala de aula resolva todos os problemas. Muitas vezes, se ouve a pergunta: o que a escola pode dar à sociedade? Agora é tempo de inverter a questão: o que a sociedade pode dar à escola? Como a comunidade vai ajudar na missão educativa? À escola o que é da escola. À sociedade o que é da sociedade.

A menor presença dos conteúdos sociais garante a qualidade do ensino?

NÓVOA Garante que os conteúdos essenciais tenham mais tempo para ser ensinados pelo professor. Porém a qualidade do trabalho didático depende fundamentalmente da existência de bons professores. Nos anos 1970, demos muita importância à racionalização, planificação e avaliação do ensino, à procura de fórmulas racionais, que deveriam orientar nossa ação. Na década seguinte, focamos as reformas dos programas e dos currículos. Em seguida, voltamos nossas atenções à administração e gestão das escolas. Por esse caminho, alimentávamos a ilusão de que as novas tecnologias resolveriam todos os problemas. Agora, neste início do século 21, começamos a compreender que nada consegue substituir um bom professor. Os educadores competentes valem muito mais do que qualquer técnica, método ou teoria. A equipe gestora deve dar toda a atenção a isso se quiser construir uma escola melhor.

Como a escola pode ajudar na formação de professores melhores?

NÓVOA Tenho defendido que os docentes precisam se formar dentro das escolas, em contato com o cotidiano e com os estudantes. É preciso criar estruturas que tenham incorporado o conhecimento, a pesquisa e as práticas profissionais e coloquem tudo isso a serviço da formação. O que se passa num hospital universitário pode servir de inspiração. Os jovens residentes são formados por outros médicos com grande proximidade com a pesquisa e o dia a dia da profissão. Da mesma forma, os professores deveriam ser formados por outros mestres e interagir com a academia.

Como garantir que os professores iniciantes tenham um acompanhamento dos mais experientes?

NÓVOA É preciso assegurar que cada aluno-mestre (aquele que está estudando para ser professor) vá adquirindo autonomia no exercício profissional. Primeiro, observando os mais experientes. Depois, ajudando-os e, finalmente, assumindo a docência sob a supervisão de um tutor. Ao mesmo tempo, deve-se promover a integração de todos eles na cultura da profissão, incentivando a participação em tudo o que acontece na instituição escolar. Ainda é recomendado transformar certos casos e situações do trabalho escolar em problemas de pesquisa, ou seja, discutindo-os do ponto de vista teórico e prático, refletindo sobre eles e produzindo conhecimento pertinente para a profissão. É uma rotina desse tipo que permite concretizar uma formação eficaz dentro da escola.

Há bons exemplos de instituições que adotam tal sistema?

NÓVOA Sim. Há muitos modelos no mundo inteiro. Eu próprio participei de experiências desse tipo em universidades nos Estados Unidos, na Suíça e em Portugal. Em alguns casos, o sistema funciona em escolas comuns da rede pública. Em outros, há instituições especiais associadas a universidades e, como regra geral, sempre existe um tutor dos professores novatos. Com a integração à vida profissional, a supervisão se transforma, progressivamente, em trabalho de cooperação com os colegas. A ação dos amigos críticos, aqueles que nos ajudam a refletir e a avançar na profissão, torna-se dominante. E, pouco a pouco, os jovens professores vão assumindo, também eles, o papel de colegas críticos dos outros.

Pesquisas realizadas pela Fundação Victor Civita mostram que o coordenador pedagógico ainda atua pouco na formação dos professores. Como mudar essa realidade?
NÓVOA A formação deveria ser a preocupação central dos coordenadores pedagógicos. Se concebermos a formação numa perspectiva de cooperação e de partilha, é possível pensar todo o trabalho escolar baseado nela. Em Portugal, um bom exemplo é o do Movimento da Escola Moderna, que pratica um sistema de formação cooperada desde os anos 1960. Os organizadores recolhem boas práticas de ensino na rede pública e socializam o material em reuniões aos sábados ou durante a semana para quem se interessar. São mais de 2 mil associados em 17 núcleos regionais. O trabalho tem dado bons resultados em sala de aula.

Como o gestor pode promover a cooperação entre os docentes dentro da própria escola?

NÓVOA A profissão de professor é muito desgastante e exigente. Hoje, ela não pode ser vivida isoladamente. É fundamental falar dos problemas com os colegas, em diálogo aberto, num quadro de partilha e de colaboração mútua. É muito importante que haja alguém que dinamize esses processos e que ajude a organizar o trabalho escolar - e esse alguém pode ser o coordenador pedagógico. Nada se consegue sozinho. Os problemas educativos só podem ser resolvidos por meio de uma ação coletiva.

O que torna um coordenador pedagógico preparado para fazer esse trabalho de orientação dos colegas?
NÓVOA Ele deve ter os conhecimentos necessários anteriores, mas, a partir do momento em que é colocado como um líder, deve assumir uma atitude de pesquisador de casos e possibilidades de soluções e, sobretudo, fazer um exercício de reflexão sobre a própria experiência docente. É muito importante que o coordenador pedagógico - ou quem exerça o papel de formador - saiba ouvir e tenha uma grande capacidade de se relacionar e de organizar.

Fonte:http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/antonio-novoa-fala-conteudos-devem-ser-prioritarios

terça-feira, 6 de julho de 2010



UM TEXTO LOUCO
“É POSSÍVEL LER MESMO FALTANDO LETRAS...”

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Fonte: encontrado no blog da professora GeGê

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Educação básica

Índices revelam melhora da qualidade em todas as etapas do ensino em 2009
Quinta-feira, 01 de julho de 2010 - 16:55

A qualidade da educação no Brasil avançou mais. O índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) do país cresceu em todas as etapas de ensino entre 2007 e 2009. No ensino fundamental, o indicador superou as metas propostas para o período e alcançou as de 2011. “O fantasma da queda de qualidade está ficando para trás”, disse o ministro da Educação, Fernando Haddad, durante a divulgação dos dados, nesta quinta-feira, 1º.

Nos anos iniciais do ensino fundamental, o Ideb subiu para 4,6 em 2009. A nota proposta para o período era 4,2 – índice já registrado na aferição de 2007. Nos anos finais, o indicador foi para 4,0 pontos, superando a meta de 3,7 para o ano. O mesmo ocorreu no ensino médio, que obteve índice de 3,6. O objetivo era registrar pelo menos 3,5 nessa etapa de ensino no período.

Haddad considera normal que a melhora no índice seja proporcionalmente maior nos anos iniciais do ensino fundamental. “Vínhamos de um período de recessão educacional, de queda de proficiência. Quando a educação começa a melhorar, é como uma onda; a arrancada mais forte se dá nos anos iniciais e se propaga, ao longo do tempo, nos finais e no ensino médio.”

O Ideb foi criado em 2005, como parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. O índice utiliza escala de zero a dez pontos e é medido a cada dois anos. O objetivo é que o país, a partir do alcance das metas municipais e estaduais, chegue à nota seis em 2021 – correspondente à qualidade do ensino em países desenvolvidos.

“O Brasil está numa trajetória ascendente e consistente pelo quarto ano consecutivo. Ainda estamos distantes da meta de 2021, mas com a esperança renovada de que será alcançada”, afirmou Haddad. Entre os fatores que influenciam na melhoria da qualidade da educação, segundo o ministro, estão as ações que compõem o PDE – da creche à pós-graduação – e a mobilização natural das redes e escolas a favor do cumprimento das metas do Ideb estabelecidas para cada uma.

No indicador estão reunidos dois conceitos fundamentais para a qualidade da educação: o fluxo escolar (taxas de aprovação, reprovação e evasão obtidas no censo da educação básica) e as médias de desempenho nas avaliações Prova Brasil e Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

A Prova Brasil é um teste de leitura e matemática para turmas de quarta e oitava séries (ou quinto e nono anos) do ensino fundamental. Os alunos do ensino médio fazem o Saeb, avaliação por amostra, que também avalia habilidades em língua portuguesa e matemática. No ano passado, as avaliações foram aplicadas a 2,5 milhões de alunos da quarta série (quinto ano), 2 milhões da oitava série (nono ano) e 56 mil do ensino médio.

Os dados divulgados nesta quarta-feira mostram que o desempenho dos estudantes nas avaliações foi o que mais pesou na composição do Ideb de 2009. Nos anos iniciais, por exemplo, foi responsável por 71% da composição da nota. Já no ensino médio, embora o desempenho tenha sido responsável pela maior parte da nota, a taxa de rendimento subiu em relação a 2007; teve 42% de importância no índice, comparado aos 29% da medição anterior.

Assessoria de Comunicação Social
Confira os resultados do Ideb nacional de 2009
Palavras-chave: Educação básica, Ideb

Fonte: Portal do mec

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Entrevista com Cipriano Carlos Luckesi

Provas e exames, segundo o educador, são apenas instrumentos de classificação e seleção, que não contribuem para a qualidade do aprendizado nem para o acesso de todos ao sistema de ensino
Márcio Ferrari (Márcio Ferrari)


"Eu proponho que as escolas
invistam em uma prática
pedagógica construtiva e
paralelamente treinem
para o vestibular"
Foto: Edson Ruiz

Cipriano Carlos Luckesi é um dos nomes de referência em avaliação da aprendizagem escolar, assunto no qual se especializou ao longo de quatro décadas. Nessa trajetória, que começou pelo conhecimento técnico dos instrumentos de medição de aproveitamento, o educador avançou para o aprofundamento das questões teóricas, chegando à seguinte definição de avaliação escolar: "Um juízo de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão". Portanto, segundo essa concepção, não há avaliação se ela não trouxer um diagnóstico que contribua para melhorar a aprendizagem. Atingido esse ponto, Luckesi passou a estudar as implicações políticas da avaliação, suas relações com o planejamento e a prática de ensino e, finalmente, seus aspectos psicológicos. As conclusões do professor paulista, que vive desde 1970 em Salvador, apontam para a superação de toda uma cultura escolar que ainda relaciona avaliação com exames e reprovação. "Estamos trilhando um novo caminho, que precisa de tempo para ser sedimentado", diz. Luckesi, que é professor aposentado, orientador de pós-graduandos e integrante do Grupo de Pesquisa em Educação e Ludicidade da Universidade Federal da Bahia, concedeu a seguinte entrevista a NOVA ESCOLA.

Como é feita, hoje, a avaliação de aprendizagem escolar?
A maioria das escolas promove exames, que não são uma prática de avaliação. O ato de examinar é classificatório e seletivo. A avaliação, ao contrário, diagnóstica e inclusiva. Hoje aplicamos instrumentos de qualidade duvidosa: corrigimos provas e contamos os pontos para concluir se o aluno será aprovado ou reprovado. O processo foi concebido para que alguns estudantes sejam incluídos e outros, excluídos. Do ponto de vista político-pedagógico, é uma tradição antidemocrática e autoritária, porque centrada na pessoa do professor e no sistema de ensino, não em quem aprende.

Que métodos devem ser usados?
A avaliação é constituída de instrumentos de diagnóstico, que levam a uma intervenção visando à melhoria da aprendizagem. Se ela for obtida, o estudante será sempre aprovado, por ter adquirido os conhecimentos e habilidades necessários. A avaliação é inclusiva porque o estudante vai ser ajudado a dar um passo à frente. Essa concepção político-pedagógica é para todos os alunos e por outro lado é um ato dialógico, que implica necessariamente uma negociação entre o professor e o estudante.

Por que se insiste na aplicação de provas e exames?
Nós, educadores do início do século 21, somos herdeiros do século 17. O modelo atual foi sistematizado na época da emergência da burguesia e da sociedade moderna. Se analisarmos documentos daquele tempo, como o Ratio Studiorum, dos padres da ordem dos jesuítas, ou a Didactica Magna, do educador tcheco Comênio, veremos que o modelo classificatório que praticamos hoje foi concebido ali. Muitos outros educadores propuseram coisas diferentes desde então, mas nenhuma dessas pedagogias conseguiu ter a vigência da pedagogia tradicional, que responde a um modelo seletivo e excludente. Existem também razões psicológicas para a insistência nos velhos métodos de avaliação: o professor é muito examinado durante sua vida de estudante e, ao se tornar profissional, tende a repetir esse comportamento.

Existe alguma justificativa pedagógica para o recurso da reprovação?
Do ponto de vista pedagógico, de fato, não existe nenhuma razão cabível. A reprovação é um fenômeno que, historicamente, tem a ver com a ideologia de que, se o estudante não aprende, isso se dá exclusivamente por responsabilidade dele. As frases reveladoras são aquelas do gênero "eles não querem mais nada", "não estudam", "não têm interesse" etc. Muitas outras razões, além do próprio aluno, podem conduzir ao fracasso escolar, como as políticas públicas que investem pouco no professor e no ensino, com baixos salários e problemas de infra-estrutura. O recurso da reprovação não existe em sistemas escolares de países que efetivamente investem na qualidade da aprendizagem.

O que revelam os altos índices de reprovação, sobretudo na 1ª série?
Há aspectos internos e externos à escola. Os externos são a escassez de recursos e as más condições de ensino. Os fatores internos dizem respeito à relação professor-aluno. O professor ensina uma coisa, o estudante entende outra; ensina de uma forma e solicita que seja colocada em prática de outra; ou não usa atividades inseridas no contexto do aluno. Por exemplo: nas séries iniciais, o programa prevê o aprendizado de números múltiplos. Então pergunta-se no teste: "Quais os números menores de 200 múltiplos de 4 e de 6?" A parte que fala em "menores de 200" só está lá para confundir o aluno e complicar a questão. Muitas crianças são reprovadas porque o instrumento de avaliação é malfeito e as conduz ao erro.

Por que tanta repetência na fase de alfabetização?

Existem estudos estatísticos mostrando que o tempo médio de alfabetização no Brasil é de 22 meses. Em algumas regiões, alfabetiza-se em seis meses; em outras, demora-se três anos. Por isso se estabeleceram os ciclos de aprendizagem. Mas não se investiu na qualidade. Se houvesse esse investimento, um ano de alfabetização seria suficiente. Aqui na cidade de Salvador há um projeto em que são atendidos meninos que não conseguiram aprender a ler e escrever em até seis anos. Com uma abordagem correta, alfabetizaram-se em seis meses. Eu tenho certeza de que qualquer criança com 6 anos e meio ou 7 se alfabetiza em um ano.

Até que ponto o sistema de vestibular determina as avaliações escolares hoje?
Vestibular não tem a ver com educação, mas com a incapacidade do poder público de fornecer ensino universitário para quem quer estudar. Agora, todo o ensino, desde o Fundamental, está comprometido com o vestibular. É por isso que é tão comum a adoção de testes que não medem o aprendizado, mas treinam para responder perguntas capciosas. Eu proponho que as escolas invistam em uma prática pedagógica construtiva e paralelamente treinem para o vestibular, com simulados como os feitos pelos cursinhos. Já existem escolas no Brasil que investem na qualidade de ensino e ao mesmo tempo conseguem colocar mais de 90% dos seus estudantes na faculdade, sem necessidade de cursinho.

O que é preciso para planejar a avaliação de um determinado período letivo?
O currículo escolar estabelece conteúdos para cada nível. É um parâmetro que tem de ser conhecido. Depois é essencial o planejamento de ensino, que direciona a prática pedagógica. Vamos supor que eu vá ensinar adição. Vou trabalhar o raciocínio aditivo, fórmulas de adição, propriedades, solução de problemas simples e solução de problemas complexos. Esse é o panorama que irá assegurar a prática de avaliação. Se o estudante tem o raciocínio, mas dificuldade de operar, preciso treinar essa fase. Um planejamento didático consciente prevê a elaboração de instrumentos e a correção deles quando ela for necessária para a reorientação do curso do aprendizado.

De que forma a preparação do currículo influi nesse processo?
O currículo tem de distinguir e prever o que é essencial. O que for ampliação cultural deve ser abordado apenas se houver tempo. Muitas vezes o que ocorre é uma distorção: tomar o livro didático como roteiro de aulas e considerar essencial o que está ali como ilustração, curiosidade, entretenimento.

O uso de notas e conceitos pode servir a um projeto de avaliação eficaz?
Notas ou conceitos têm por objetivo registrar os resultados da aprendizagem do aluno por uma determinada escola. Eles expressam o testemunho do educador ou da educadora de que aquele estudante foi acompanhado por ele ou ela na disciplina sob sua responsabilidade. O registro é necessário. Afinal, nossa memória viva não é capaz de reter tantos dados relativos a um estudante, quanto mais de muitos, e por anos a fio. O que ocorreu historicamente é que notas ou conceitos passaram a ser a própria avaliação, o que é uma distorção. Se os registros tiverem por objetivo observar o processo de aprendizagem de cada aluno e sua conseqüente reorientação, eles subsidiam uma avaliação formativa. Mas não se esses registros representarem apenas classificações sucessivas do estudante.

Como avaliar o modo particular como cada um aprende? É possível um atendimento tão individualizado?
Existe uma fantasia de que, quando se fala de uma avaliação eficiente, estamos nos referindo ao atendimento de três ou quatro estudantes por vez. Mas os instrumentos de coleta de dados ampliam a capacidade de observar do professor. Se eu aplico uma avaliação para 40 alunos, não há mudança do ponto de vista da qualidade. Cada um vai manifestar sua aprendizagem por meio do instrumento escolhido. Avaliação não precisa ser por observação direta, mas por instrumentos como teste, questionário, redação, monografia, participação em uma tarefa, diálogo. Em uma classe numerosa, não posso usar entrevistas de meia hora para cada aluno. Vou produzir questionários de perguntas fechadas e trabalhar mais de perto com quem não tiver um desempenho satisfatório.

Quais são as vantagens e desvantagens dos trabalhos em grupo?
Se a intenção do professor é fazer um diagnóstico do desempenho de cada um, o trabalho em grupo não vai ajudar muito, porque só avalia o conjunto. Ele é mais útil como atividade de aprendizagem ou construção de tarefa. Por outro lado, o trabalho em grupo favorece o crescimento do indivíduo entre seus pares.

Avaliação envolve um alto grau de subjetividade. Como evitar ou atenuar isso?
Há dois aspectos a considerar. Um é que o professor precisa estar honestamente comprometido com o que acredita, e isso é uma atitude subjetiva, não tem jeito. Outro aspecto é psicológico e exige autotrabalho para não deixar que questões pessoais interfiram nas profissionais. Evitar a subjetividade, nesse sentido, tem a ver com cuidar de si mesmo e do cumprimento de seus compromissos.

Quer saber mais?

BIBLIOGRAFIA

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR, Cipriano Carlos Luckesi, 180 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3864-0111, 24 reais

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA ESCOLA: REELABORANDO CONCEITOS E RECRIANDO A PRÁTICA, Cipriano Carlos Luckesi, 115 págs., Ed. Malabares (aquisição somente pelo e-mail malabareseventos@terra.com.br ou pelo tel. 71-3356-3261), 20 reais

INTERNET

No site www.luckesi.com.br, você encontra artigos e entrevistas de Cipriano Carlos

Fonte:http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/avaliacao/cipriano-carlos-luckesi-424733.shtml



Os nove jeitos mais comuns de avaliar


Prova objetiva

definição - Série de perguntas diretas, para respostas curtas, com apenas uma solução possível
função
- Avaliar quanto o aluno apreendeu sobre dados singulares e específicos do conteúdo
vantagens
- É familiar às crianças, simples de preparar e de responder e pode abranger grande parte do exposto em sala de aula
atenção
- Pode ser respondida ao acaso ou de memória e sua análise não permite constatar quanto o aluno adquiriu de conhecimento
planejamento
- Selecione os conteúdos para elaborar as questões e faça as chaves de correção; elabore as instruções sobre a maneira adequada de responder às perguntas
análise
- Defina o valor de cada questão e multiplique-o pelo número de respostas corretas
como utilizar as informações
- Liste os conteúdos que os alunos precisam memorizar; ensine estratégias que facilitem associações, como listas agrupadas por idéias, relações com elementos gráficos e ligações com conteúdos já assimilados

Prova dissertativa
definição - Série de perguntas que exijam capacidade de estabelecer relações, resumir, analisar e julgar
função - Verificar a capacidade de analisar o problema central, abstrair fatos, formular idéias e redigi-las
vantagens - O aluno tem liberdade para expor os pensamentos, mostrando habilidades de organização, interpretação e expressão
atenção - Não mede o domínio do conhecimento, cobre amostra pequena do conteúdo e não permite amostragem
planejamento - Elabore poucas questões e dê tempo suficiente para que os alunos possam pensar e sistematizar seus pensamentos
análise - Defina o valor de cada pergunta e atribua pesos a clareza das idéias, para a capacidade de argumentação e conclusão e a apresentação da prova
como utilizar as informações - Se o desempenho não for satisfatório, crie experiências e motivações que permitam ao aluno chegar à formação dos conceitos mais importantes

Seminário

definição - Exposição oral para um público leigo, utilizando a fala e materiais de apoio adequados ao assunto
função - Possibilitar a transmissão verbal das informações pesquisadas de forma eficaz
vantagens - Contribui para a aprendizagem do ouvinte e do expositor, exige pesquisa, planejamento e organização das informações; desenvolve a oralidade em público
atenção - Conheça as características pessoais de cada aluno para evitar comparações na apresentação de um tímido ou outro desinibido
planejamento - Ajude na delimitação do tema, forneça bibliografia e fontes de pesquisa, esclareça os procedimentos apropriados de apresentação; defina a duração e a data da apresentação; solicite relatório individual de todos os alunos
análise - Atribua pesos à abertura, ao desenvolvimento do tema, aos materiais utilizados e à conclusão. Estimule a classe a fazer perguntas e emitir opiniões
como utilizar as informações - Caso a apresentação não tenha sido satisfatória, planeje atividades específicas que possam auxiliar no desenvolvimento dos objetivos não atingidos

Trabalho em grupo

definição - Atividades de natureza diversa (escrita, oral, gráfica, corporal etc) realizadas coletivamente
função - Desenvolver o espírito colaborativo e a socialização
vantagens - Possibilita o trabalho organizado em classes numerosas e a abrangência de diversos conteúdos em caso de escassez de tempo
atenção - Conheça as características pessoais de cada aluno para evitar comparações na apresentação de um tímido ou outro desinibido
planejamento - Proponha uma série de atividades relacionadas ao conteúdo a ser trabalhado, forneça fontes de pesquisa, ensine os procedimentos necessários e indique os materiais básicos para a consecução dos objetivos
análise - Observe se houve participação de todos e colaboração entre os colegas, atribua valores às diversas etapas do processo e ao produto final
como utilizar as informações Em caso de haver problemas de socialização, organize jogos e atividades em que a colaboração seja o elemento principal

Debate

definição - Discussão em que os alunos expõem seus pontos de vista a respeito de assunto polêmico
função - Aprender a defender uma opinião fundamentando-a em argumentos convincentes
vantagens - Desenvolve a habilidade de argumentação e a oralidade; faz com que o aluno aprenda a escutar com um propósito
atenção - Como mediador, dê chance de participação a todos e não tente apontar vencedores, pois em um debate deve-se priorizar o fluxo de informações entre as pessoas
planejamento - Defina o tema, oriente a pesquisa prévia, combine com os alunos o tempo, as regras e os procedimentos; mostre exemplos de bons debates. No final, peça relatórios que contenham os pontos discutidos. Se possível, filme a discussão para análise posterior
análise - Estabeleça pesos para a pertinência da intervenção, a adequação do uso da palavra e a obediência às regras combinadas
como utilizar as informações - Crie outros debates em grupos menores; analise o filme e aponte as deficiências e os momentos positivos

Relatório individual

definição - Texto produzido pelo aluno depois de atividades práticas ou projetos temáticos
função - Averiguar se o aluno adquiriu conhecimento e se conhece estruturas de texto
vantagens - É possível avaliar o real nível de apreensão de conteúdos depois de atividades coletivas ou individuais
atenção - Evite julgar a opinião do aluno
planejamento - Defina o tema e oriente a turma sobre a estrutura apropriada (introdução, desenvolvimento, conclusão e outros itens que julgar necessários, dependendo da extensão do trabalho); o melhor modo de apresentação e o tamanho aproximado
análise - Estabeleça pesos para cada item que for avaliado (estrutura do texto, gramática, apresentação)
como utilizar as informações - Só se aprende a escrever escrevendo. Caso algum aluno apresente dificuldade em itens essenciais, crie atividades específicas, indique bons livros e solicite mais trabalhos escritos

Auto-avaliação

definição - Análise oral ou por escrito, em formato livre, que o aluno faz do próprio processo de aprendizagem
função - Fazer o aluno adquirir capacidade de analisar suas aptidões e atitudes, pontos fortes e fracos
vantagens - O aluno torna-se sujeito do processo de aprendizagem, adquire responsabilidade sobre ele, aprende a enfrentar limitações e a aperfeiçoar potencialidades
atenção - O aluno só se abrirá se sentir que há um clima de confiança entre o professor e ele e que esse instrumento será usado para ajudá-lo a aprender
planejamento - Forneça ao aluno um roteiro de auto-avaliação, definindo as áreas sobre as quais você gostaria que ele discorresse; liste habilidades e comportamentos e peça para ele indicar aquelas em que se considera apto e aquelas em que precisa de reforço
análise - Use esse documento ou depoimento como uma das principais fontes para o planejamento - dos próximos conteúdos
como utilizar as informações - Ao tomar conhecimento das necessidades do aluno, sugira atividades individuais ou em grupo para ajudá-lo a superar as dificuldades

Observação

definição - Análise do desempenho do aluno em fatos do cotidiano escolar ou em situações planejadas
função - Seguir o desenvolvimento do aluno e ter informações sobre as áreas afetiva, cognitiva e psicomotora
vantagens - Perceber como o aluno constrói o conhecimento, seguindo de perto todos os passos desse processo
atenção - Faça anotações no momento em que ocorre o fato; evite generalizações e julgamentos subjetivos; considere somente os dados fundamentais no processo de aprendizagem
planejamento - Elabore uma ficha organizada (check-list, escalas de classificação) prevendo atitudes, habilidades e competências que serão observadas. Isso vai auxiliar na percepção global da turma e na interpretação dos dados
análise - Compare as anotações do início do ano com os dados mais recentes para perceber o que o aluno já realiza com autonomia e o que ainda precisa de acompanhamento
como utilizar as informações - Esse instrumento serve como uma lupa sobre o processo de desenvolvimento do aluno e permite a elaboração de intervenções específicas para cada caso

Conselho De classe

definição - Reunião liderada pela equipe pedagógica de uma determinada turma
função - Compartilhar informações sobre a classe e sobre cada aluno para embasar a tomada de decisões
vantagens - Favorece a integração entre professores, a análise do curriculo e a eficácia dos métodos utilizados; facilita a compreensão dos fatos com a exposição de diversos pontos de vista
atenção - Faça sempre observações concretas e não rotule o aluno; cuidado para que a reunião não se torne apenas uma confirmação de aprovação ou de reprovação
planejamento - Conhecendo a pauta de discussão, liste os itens que pretende comentar. Todos os participantes devem ter direito à palavra para enriquecer o diagnóstico dos problemas, suas causas e soluções
análise - O resultado final deve levar a um consenso da equipe em relação às intervenções necessárias no processo de ensino-aprendizagem considerando as áreas afetiva, cognitiva e psicomotora dos alunos
como utilizar as informações - O professor deve usar essas reuniões como ferramenta de auto-análise. A equipe deve prever mudanças tanto na prática diária de cada docente como também no currículo e na dinâmica escolar, sempre que necessário


Fonte: Este interessante material foi encontrado na revista "Nova Escola" (online), estando disponível em forma de quadros. Endereço:
http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/avaliacao/avaliacao-nota-10-424569.shtml